Crise sem solução

Paraná Clube deve R$ 63 milhões e crise com Bohlen continua

A esperada reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Paraná, que aconteceu ontem na sede social da Kennedy, não teve grandes reviravoltas. O maior marco do encontro foi a revelação da dívida paranista, que está em R$ 63 milhões.

O presidente Rubens Bohlen, que viajou ao Rio de Janeiro para tentar renegociar a distribuição da cota de televisão dos times da Série B, não esteve presente. Até por isso, a promessa de pressão para a renúncia não aconteceu. O mandatário paranista, aliás, está irredutível no momento e sequer cogita deixar a presidência para o grupo “Paranistas do Bem” assumir seu cargo.

Assim, os dez paranistas que pretendem reverter o quadro e injetar R$ 4 milhões no Tricolor durante o ano vão precisar de outra estratégia. A presença de antigos presidentes, como Aquilino Romani, Aurival Corrêa, José Carlos de Miranda e outros dirigentes, está desanimando o apoio maciço de conselheiros e torcedores – apesar de a Fúria Independente garantir que foi a organizada quem organizou essa união entre paranistas para tentar assumir o clube.

Carlos Werner, que bancou as categorias de base por um ano e meio, e João Quitéria, que era vice-presidente da Fúria Independente, são nomes que agradam. Mas a aliança com pessoas que, em um passado recente, mancharam a história do clube atrapalha que o número de apoiadores cresça, mesmo com o desprestígio de Bohlen no comando tricolor. O fato de Luiz Carlos Casagrande virar presidente também não é visto com bons olhos. A chance de renúncia de Casinha, junto com o atual presidente e Coser, que é uma exigência de Bohlen para sair, é impossível.

Buraco

Dos R$ 63 milhões de dívidas, 73% (praticamente 46 milhões de reais) correspondem a apenas dez credores. A maior delas é do empresário Léo Rabello, no imbróglio envolvendo a vende de Thiago Neves, que chega a aproximadamente R$ 30 milhões. A diretoria, aliás, tentou renegociar em duas oportunidades o parcelamento, mas não conseguiu cumprir com o acordo – até por isso, possui o Ninho da Gralha, colocado como garantia, penhorado.

O valor do rombo nos cofres tricolores é fruto de uma auditoria externa, que não foi paga pelo clube, para detectar a situação real em que as finanças se encontram. Essa medida vem da união de torcedores, que cobravam tal atitude há anos. Nenhuma das gestões anteriores, apesar de reclamar do péssimo legado, sabia de fato qual era o tamanho do débito.

Um exemplo claro ocorreu em maio de 2013. A direção decidiu leiloar a sub-sede do Tarumã, arrematada por R$ 30 milhões, com a promessa de que iria sanar as dívidas e ainda ter um suporte para formar uma equipe competitiva para retornar à elite do futebol brasileiro. O elenco qualificado até foi feito, mas o gasto nele foi maior que cabia no orçamento. E todo o dinheiro da venda acabou bloqueado, sendo gasto para pagamento de INSS, tributos, dívidas trabalhistas, entre outros.