Cicerone Voluntário

Idioma será apenas uma das dificuldades para Romeo

A dificuldade com o idioma será apenas uma das dificuldades que o tímido indiano Romeo Fernandes, de 22 anos, terá para se adaptar ao futebol brasileiro. A companhia diária e o apoio de Beto Silva, ex-jogador, agente e descobridor de Fernandes, deve terminar até sexta-feira, quando ele retornará à Índia. A partir de então o novo meia-atacante atleticano estará sozinho, morando no CAT do Caju. Não, na verdade, se depender de Adit Miranda, engenheiro químico e torcedor do Atlético.

Filho de pais indianos nascidos no estado de Goa, região colonizada por portugueses e justamente a localidade de origem de Fernandes, Miranda se ofereceu para ser o cicerone do jogador no Brasil. Um encontro entre os dois será intermediado pelo diretor de relações internacionais do Atlético, Luiz Greco, que recebeu com animação a oferta do “desconhecido” compatriota da nova contratação atleticana.

Miranda se diz orgulhoso só com a oportunidade de ver um jogador da Índia tendo reconhecimento e chance no futebol brasileiro. Por isso se ofereceu para ajudar no difícil período de adaptação. “É uma virada completa no modo de vida de uma pessoa que nasceu e viveu lá na Índia. Costumes, alimentação, cultura. Estou me espelhando nas dificuldades que minha mãe teve quando veio ao Brasil”, disse o torcedor voluntário.

Miranda disse que a notícia da contratação de Fernandes pelo Atlético tem repercutido positivamente na Índia. “Só se fala disso. Tenho muitos parentes por lá ainda e estão todos animados”, contou.

Perfil

Adit Miranda é um cidadão do mundo na versão moderna. Descendente de indianos, nasceu na Bélgica, morou em Curitiba e hoje trabalha e mora no Rio de Janeiro. A experiência multicultural que teve até aqui deverá ajudar Romeu Fernandes a amenizar problemas como a saudade de casa, a adaptação ao clima e aos costumes brasileiros. Os pais (José e Sara) moram há trinta anos em Curitiba e sempre ofereceram moradia a indianos que vinham estudar na Universidade Federal do Paraná, onde José leciona.

Aproveitando a presença forçada na cidade por questões familiares, Miranda acredita que poderá trazer companhia e conforto a Fernandes durante os próximos dois meses.

Ele afirma que já assistiu a alguns jogos de Fernandes na Índia, quando ele ainda defendia o Dempo College (time defendido também por Beto Silva, empresário do jogador). “Estive lá em 2013 e vi alguns jogos. Nunca imaginava que pudesse vir a jogar no Atlético”. (ELK)