De novo?

Marcos Guilherme diz ter sido vítima de racismo no Uruguai

Uma das grandes revelações do futebol paranaense foi mais um alvo de uma triste e repetida história. O empate da seleção brasileira por 0x0 com o Uruguai, na noite de segunda, pelo Sul-Americano Sub-20, acabou ficando marcado pela acusação do meia atleticano Marcos Guilherme de que foi alvo de racismo de um adversário. “O cara me chamou cinco vezes de macaco. Isso não pode acontecer”, afirmou, citando o camisa 7 da seleção uruguaia, Facundo Castro, como autor das injúrias. “Vários fatos que ocorreram, com Aranha, Tinga, Arouca, e ninguém toma providência. É lamentável e espero que alguém faça algo”.

O técnico Alexandre Gallo reiterou a acusação do meia rubro-negro. “Estamos muito chocados com isso. Todos somos de uma raça só. Nossos jogadores ficaram muito chocados. É algo que nós não podemos admitir”.

Faltou combinar com a CBF. A entidade preferiu colocar panos quentes na história, porque não há imagens para comprovar o que aconteceu. A decisão partiu do departamento jurídico da entidade, justamente de onde Alexandre Gallo esperava uma manifestação. “Nós não suportamos isso, é algo muito mal para o futebol. O mundo do futebol está cansado dessas coisas. Não é bom. Eu tento tirar algo bom de tudo o que acontece, mas disso não tenho nada de bom para tirar. É algo ruim”, disse.

Com a posição da CBF, a história vai acabar em pizza. Triste retrato de uma entidade sem liderança.

Histórico

O ano de 2014 foi um dos mais tristes do futebol brasileiro por conta das repetidas manifestações de racismo. Primeiro, com Tinga, por parte de torcedores peruanos durante a Copa Libertadores. Depois, o árbitro Márcio Chagas da Silva, em Bento Gonçalves – chocado com a atitude dos vândalos, Chagas encerrou a carreira. Os santistas Arouca e Aranha também sofreram. O goleiro teve a situação mais emblemática: atacado por torcedores do Grêmio, o goleiro processou os que foram identificados e o time gaúcho foi eliminado da Copa do Brasil como punição.

No início deste ano, a história não mudou – mesmo com uma campanha da CBF desde o que aconteceu com Tinga, e quase se vai um ano. Por conta da ação para rescindir contrato com o Santos, foi a vez de torcedores do Peixe atacarem Aranha com termos semelhantes aos usados pelos gremistas. Agora, foi a vez do jovem Marcos Guilherme virar alvo. (com AE)