Lendas vivas

Craque do União Bandeirante, Paquito brilhou também no Coxa

O União Bandeirante escreveu um dos principais capítulos da história do futebol paranaense dos anos 60 e 70. E deixou de herança casos do folclórico Serafim Meneghel, uma nova contribuição de Nilton De Sordi, jogador e técnico do alvinegro de Vila Maria, depois de ser campeão mundial pelo Brasil em 1958, na Suécia. Além disso, o alvinegro produziu pequena legião de craques, como Paquito, Tião Abatiá e Pescuma. “Eu tinha de 18 para 19 anos, era o mais novo da galera quando cheguei em Bandeirantes”, conta José Martins Manso, o Paquito. “O União comprou o meu passe e eu fiquei no clube de 1965 até a 1971, quando eu fui vendido para o Coritiba”, arremata.

Este poderia ser o resumo de sua história de jogador em Bandeirantes. Mas ele não foi jogar em qualquer clube do interior. O União surgiu no final de 1964 resultado da fusão do time da usina de Meneghel com o Guarani local para se tornar uma potência no futebol do interior paranaense. Paquito veio a ser a primeira revelação do clube. “Eu me lembro de quando estava por lá, aparecia um moço de Abatiá. Ele era esforçado e vinha de Lambreta para treinar. Chegava todo empoeirado. Tomava banho e ia treinar. Depois tinha que tomar banho de novo para ir embora. E no fim de semana ele ficava irritado, porque chegava a Bandeirantes, olhava a relação dos jogadores convocados para as partidas e não via o seu nome. Mas, para jogar ele precisava ter contrato. E ele não tinha”, conta Paquito. Este moço se Chamava Sebastião Ferri e veio a ser conhecido como Tião Abatiá.

“Cansado de não ser relacionado, Tião foi para Cambará, entrou para o time de lá e no primeiro jogo entre o Cambará e o União, ele marcou o gol e nós perdemos. Serafim foi lá e comprou o passe dele”, conta Paquito. Tião Abatiá veio a ser a segunda grande revelação do time da terra do açúcar, como o alvinegro também era chamado pelos cronistas esportivos. Um terceiro jogador daquele time pioneiro do União que veio a se destacar no futebol nacional, na realidade já tinha passado pelo São Paulo, esteve no XV de Novembro, mas não emplacava por causa de seu estilo viril. Seu nome era Pescuma, um gigante de quase dois metros de altura que reencontrou em Bandeirantes um local apropriado para desenvolver o seu estilo de futebol defensivo também conhecido pela velha frase “bola pro mato que o jogo é de campeonato”.

Curiosamente, estes três jogadores estiveram juntos no começo dos anos 70 naquele que é considerado um dos maiores times paranaenses de todos os tempos: o Coritiba vencedor do começo dos anos 70. Os três foram forjados em Bandeirantes, no time do União que surgiu no final de 1964, montado por Pupo Gimenez. O time já nasceu forte: na primeira temporada, ficou atrás apenas do campeão do Norte, Grêmio de Maringá, que perdeu o título para o Ferroviário, campeão do Sul. Na temporada seguinte,o União foi vice-campeão estadual, ficando atrás desta vez do Boca Negra, que foi bicampeão. No entanto, nesta edição o artilheiro da competição era do time de Bandeirantes. Seu nome: Paquito, com 13 gols.

O União foi ainda vice-campeão em 1969 e 1971, nestas duas vezes atrás de Coritiba e emplacou o artilheiro do campeonato nas duas ocasiões, na primeira através de Paquito com 22 gols e na segunda com Tião Abatiá, com 19 gols. Estes números e performances ajudam a explicar porque os dois atacantes foram parar no Alto da Glória em 1971, onde Pescuma já estava há alguns meses alojado, como esforço para o Coritiba fazer um bom Campeonato Brasileiro, o primeiro oficial da história da competição. O alvinegro ainda seria vice-campe&atilde,;o em 1989 e 1992 e ainda produziria pelo menos mais dois grandes craques, Brandão e o goleiro Fábio, mas União Bandeirante como aquele dos anos 60 e começo dos anos 70 nunca mais existiria.