Lendas vivas

Luizinho foi um dos grandes artilheiros do nosso futebol

O ex-centroavante Luizinho foi homenageado há algumas semanas por um grupo de ex-jogadores de futebol que se reúnem numa confraria em Curitiba. Na placa ele é reconhecido como “um dos grandes artilheiros do futebol paranaense nos anos 50 e 60”. Luizinho, hoje com 76 anos, foi um dos grandes matadores do futebol paranaense na virada das duas décadas, sempre envergando a camisa do Água Verde, clube de Vila Guaíra que desde o começo do século passado fez história, embora com nomes diferentes, resultado de fusões e adoção de novas denominações. A homenagem destaca as principais características do atacante que eram garra e determinação na busca pelo momento mágico de uma partida de futebol, que é o gol.

Além do Água Verde, único clube em que jogou profissionalmente, Luizinho também atuou pelo Botafogo das Mercês, clube tradicional naqueles anos no futebol amador da cidade. Era centroavante, mas também jogava na ponta direita, como quando o Água Verde contratou Duílio, que era do Coritiba. O seu negócio era fazer gols. “Sem falsa modéstia, eu era jogador de marcar de 18 a vinte gols por campeonato. E isto desde os tempos que eu jogava no Botafogo das Mercês, onde eu enchia a caçapa. A mesma coisa aconteceu no Água Verde”, diz ele. Ele poderia ter ido para outro clube. Mas foi ficando no Água Verde onde estreou no profissionalismo e onde fez a sua última partida, quando nocauteou o juiz Vander Moreira, episódio que ainda hoje é relembrado pelos torcedores mais velhos e por amigos.

Arquivo
Outros tempos: Luizinho assinou o contrato profissional com o Água Verde em um armazém.

“Durante a minha carreira eu tive propostas para sair do Água Verde. O Botafogo de Ribeirão Preto e o Coritiba foram atrás de mim. Mas não tinha como eu sair de Vila Guaíra. Eu fiz amizade muito forte com dirigentes e companheiros. Além disso, naquele tempo tinha isso, toda vez que a gente ia jogar contra o Coritiba, a gente era prejudicado”, diz Luizinho. E na hora de trocar de clube, estas coisas entravam na balança. “O certo é que eu me identifiquei muito com o clube”, diz. As razões para ficar toda carreira profissional no clube foram muitas e para sair foram poucas. Entre as razões para ficar havia as amizades com o aprofundamento de laços afetivos. “O diretor Valdomiro Perini foi meu padrinho de casamento e eu fui padrinho da filha dele. Ficamos todos muito amigos. Eram outros tempos”, diz hoje, com saudade daquela época.

Luizinho não recorda quantos gols marcou e tampouco o número de jogos que fez com o manto sagrado do time de Vila Guaíra, porque naqueles tempos os clubes não faziam tantos jogos por ano quanto hoje e as pessoas não eram tão vidradas em estatísticas, mas garante que foram muitos. “Tenho certeza que foram mais de cem. Só numa temporada eu marquei mais de vinte, quase trinta”, diz ele. Luizinho tinha tanta moral no Água Verde que uma vez ele e o técnico Mário Rosseto entraram em rota de colisão e quem levou a pior foi o técnico. Para ficar com o jogador, o presidente do time, o lendário Orestes Thá, não hesitou em mudar o comando técnico. Este episódio aconteceu em 1961. “O Mário Rosseto era técnico e um domingo nós perdemos para o Ferroviário por 3×1. Ele me tirou do time. Fiquei louco de raiva e desapareci do clube. Não apareci mais. Seu Orestes Thá e o Vadico (Valdomiro Perini) foram conversar comigo. Aí todo cheio de moral eu disse que só voltava se o técnico fosse embora. Não deu outra. Demitiram o Rosseto e contrataram o Zinder Lins. Aí eu voltei e continuei jogando e fazendo os meus gols”, conta Luizinho.

Celeiro

“O Botafogo da,s Mercês foi um celeiro de jogadores. Foi lá que comecei. Quem era dirigente do Botafogo era o Navarro Mansur, que foi para Maringá nos anos 60 e montou o time do Grêmio que foi bicampeão paranaense”.