Lendas vivas

Luizinho relembra o gol mais bonito de sua carreira

Além de fotografias nas paredes e recortes de jornais numa gaveta de casa, Luizinho guarda a carreira num lugar privilegiado da memória. São os principais momentos como aquele em que foi escolhido pela Tribuna em 1958 como um dos maiorais da suburbana, defendendo o Botafogo, escolha que turbinou a sua ida para Vila Guaíra. Luiz Antoniacci tinha então 19 anos e já era um centroavante pronto para seguir carreira profissional depois de quatro anos defendendo o alvinegro das Mercês na suburbana. O time profissional seria o Água Verde que estava perdendo um atacante – Nenê -, para o Atlético Paranaense e o irmão deste, um zagueiro vigoroso que morava em Santa Felicidade – Nico – que foi para o Coritiba. Luizinho foi para o lugar de Nenê no ataque do alviverde de Vila Guaíra.

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Considerado um dos bons atacantes da história do clube, hoje Luizinho mora no bairro Seminário. “Até hoje eu tenho saudades do Água Verde. E, depois dele, do Pinheiros. Foram dois times espetaculares. Uma grande pena que tenham desaparecido. O Água Verde foi o que foi graças ao Sr. Orestes Thá. Não canso de dizer isto. Por mim o Água Verde e depois o Pinheiros nunca teria acabado. Foi o único time profissional de minha vida”, diz Luizinho. ‘Eu vim do Botafogo das Mercês no final de 1958 e fiquei em Vila Guaíra até o fim de 1965‘, conta ele. A sua ida das Mercês para o Orestes Thá aconteceu porque o técnico Otávio de Castro, o Vico, que dirigia o Água Verde gostou de seu futebol. Vico também andou pelo Botafogo.

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A estreia de Luizinho com a camisa número 9 do Água Verde aconteceu no dia 18 de fevereiro de 1959, um sábado, quando ele tinha 20 anos de idade. Foi num jogo contra o Palestra Itália, no estádio Orestes Thá, em Vila Guaíra. Luizinho entrou na partida e deixou as suas credenciais como jogador profissional. “Eu marquei dois gols, o Lineu completou o marcador e o Pelegrini descontou para o Palestra Itália”, conta ele. O primeiro gol surgiu aos 18 minutos da etapa inicial. O time entrou em campo com o antológico Pianowski no gol, goleiro que tinha defendido o Ferroviário e depois foi campeão pelo Coritiba. A linha era formada por Antoninho e Zaleski; Ferramenta, Ganz e Café; Ismael, Pacífico, Luizinho, Lineu e Dinho.

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Era o começo de uma paixão pelo clube que ia durar toda a carreira e o resto da vida. Uma carreira que ia durar até um dia de 1965, quando abruptamente Luizinho decidiu pendurar as chuteiras, com apenas 26 anos. Entre o começo e o fim, algumas cenas memoráveis. Como o gol mais bonito da carreira, que aconteceu num jogo contra o Primavera, no campo do estádio Belfort Duarte. “Foi um gol de bicicleta num dia chuvoso que marquei no Zé Augusto. Nós ganhamos a partida de 2 a 1, mas daquele gol eu nunca me esqueço”, diz ele. Assim também como não esquece o maior aborrecimento que um atacante pode ter: gol perdido, ainda mais de pênalti. Foi numa partida contra o Coritiba e estava em jogo a Taça dos Invictos. O Água Verde passou sem derrota o primeiro turno. Era a primeira partida do returno e ela estava dura. Luizinho marcou um gol de cabeça e o juiz anulou. O Coritiba marcou dois. O Água Verde diminuiu e no fim da partida o juiz marcou pênalti. Luizinho bateu e a bola não entrou. “Foi o único pênalti que perdi na vida”, diz.

Barraco

“Ganhamos do Irat,y e eu fiz o gol da vitória com a mão. O juiz era o José Ferreira do Santos. Ele não viu o lance e deu o gol. No fim do jogo o Jorginho Malucelli, do Iraty, acertou um soco na boca do Ferreira”, conta Luizinho.