Lendas vivas

Último jogo de Luizinho foi marcado por um soco no árbitro

O jogo entre Água Verde e Britânia estava marcado para um domingo de 1965 em Vila Guaíra e foi adiado para terça-feira seguinte, em virtude das chuvas. O juiz da partida seria Vander Moreira. Que não sonhava com um roteiro daqueles. “Ele validou um gol impedido do Britânia e não deu um pênalti a nosso favor. Ele estava metendo a mão no Água Verde. Eu não podia ficar quieto. Eu falei com ele, ele me expulsou e eu parti para a agressão. Enfiei um soco na cara dele e ele desabou. A torcida aplaudiu. Eu sabia que depois daquilo não tinha como jogar futebol. Eu sai de campo, fui para o vestiário, peguei a minha roupa e fui embora”, conta ele. O jogo terminou em 4×1 para o Britânia. E o atacante pegou um ano de gancho. Luizinho aproveitou a oportunidade para pendurar as chuteiras.

Ele estava com apenas 26 anos. “Já estava na hora mesmo. Eu sei que agi mal, mas o que fazer depois da agressão? O que eu não podia era ficar quieto depois de tudo o que ele fez”, diz ele. Sobre este episódio, ele tem uma teoria: “Este problema de arbitragem é muito sério e não é de hoje. Sempre teve juiz bom e sempre teve juiz ruim. Tem juiz que é gaveteiro, todo mundo sabe. No meu tempo, um juiz bom era o Waldemar Nader. Era correto, integro e respeitoso. O Vander Moreira gostava de aprontar”, diz ele. E assim como aconteceu em sua estreia, a sua última partida teve gol de sua autoria e ocorreu no mesmo local da estreia: estádio Orestes Thá. O curioso é que aquele time do Água Verde dos anos 60 no qual Luizinho jogou era um time de chegada e brigava pelas primeiras posições.

Felipe Rosa
Luizinho conta suas histórias para o repórter Edílson Pereira.

“Em 1963, decidimos o segundo turno da Região Sul contra o Ferroviário. Na primeira partida, realizada no dia 19 de janeiro de 1964, nós estávamos perdendo por 3×2. Quando faltavam dez minutos eu empatei. Só que depois eu me machuquei e não pude disputar a segunda partida daquela decisão no dia 26. O Ferroviário ganhou de 1×0, decidiu o título com o Iraty e foi campeão’, conta Luizinho. Ele diz que esta partida estava muito disputada, quando no final Sicupira, que era atacante do Ferroviário, deu uma puxada estranha na bola e ela foi parar no fundo das redes. “Ele disse que foi bicicleta, mas ele deu mesmo foi uma puxada estranha. Eu falei isto para ele e ele ficou bravo e disse: nada disso, foi uma bicicleta”, conta Luizinho.

No ano seguinte, o Água Verde também bateu na trave: fez uma série de cinco partidas contra o Seleto de Paranaguá para decidir quem seria o campeão da Zona Sul. Na última partida, disputada no campo do Guarani em Ponta Grossa, deu Seleto, gol de Quarentinha. De tanto insistir, o Água Verde finalmente foi campeão em 1967, em cima do Grêmio de Maringá. Mas Luizinho já tinha nocauteado o juiz Vander Moreira e pendurado as chuteiras. E depois que um jogador pendura as chuteiras, quem vive são as lembranças. “Eu sempre belisquei, nunca fui campeão”, diz ele. Até hoje Luizinho recorda o melhor ataque do Água Verde, no qual ele jogou: ele está inteiro em sua memória: Luizinho, Japonês, Duílio, Grilo e Gasparin. Assim como não esquece que Duílio foi artilheiro em 1964. Quando o Água Verde conquistou o seu primeiro e único título, contra o Grêmio de Maringá, em 1967, Luizinho continuava no Água Verde. Mas agora estava nos bastidores.

Defesa

Os marcadores mais violentos? Luizinho destaca Alcione (Rio Branco), Candinho (Operário), Gildo (Caramuru) e Ruva (Iraty). No entanto, quando o assunto é o melhor zagueiro que ele enfrentou, ele destaca Celso, do Ferroviário.