Em nome da segurança

Atletiba de torcida única pode ficar cada vez mais comum

Maior embate do futebol paranaense, o clássico entre Coritiba e Atlético deste sábado, pelo Campeonato Brasileiro, no Couto Pereira, por pouco não precisou ser disputado com apenas uma torcida no estádio. Isto porque no duelo do primeiro turno, em Maringá, a partida não teve somente torcedores atleticanos graças a uma decisão da 6ª Promotoria do Ministério Público de Maringá, que mesmo com a anuência de ambas as diretorias, liberou a entrada da torcida coxa-branca no estádio. Por isso, com a concordância dos dirigentes, os clássicos Atletiba com torcida única podem se tornar cada vez mais comuns daqui em diante, sobretudo depois da volta do Furacão para a Arena da Baixada.

Para o historiador da Unicamp, Vitor Canale, que desenvolveu um estudo sobre torcidas organizadas, realizar clássicos com apenas uma torcida ou extinguir as torcidas organizadas não é a solução para o futebol brasileiro se livrar da violência que assola diversos palcos do Brasil.

“Sou contra torcida única, como também sou contra os pedidos de fechamento das torcidas pelo Ministério Público, assim como aconteceu recentemente em Belo Horizonte. Acredito que o dever da polícia é identificar os grupos de torcedores violentos e aplicar contra eles as leis que já existem. Torcida única acaba com a disputa saudável de um clássico e não acredito que resolveria os problemas”, revelou Canale.

O historiador ressaltou ainda que grande parte dos incidentes acontece nas proximidades dos estádios e em outras localidades das cidades nos dias dos jogos e, por isso, proibir a torcida visitante de entrar no palco da partida não resolveria de todo o problema. “Os principais incidentes entre torcidas não são nas proximidades dos estádios e sequer são encontros ocasionais. Acredito que a torcida única só vai tornar o futebol mais chato e pasteurizado”, emendou.

Na ocasião, apesar do acordo entre as duas diretorias e com o veto do Ministério Público, torcedores do Coritiba compareceram ao jogo contra o Atlético no Willie Davids, em Maringá. Porém, a torcida organizada do clube, na ocasião, decidiu não excursionar até o Norte do Estado para acompanhar o Atletiba que foi vencido pelo Furacão por 2×0.

Reunião

Na semana passada, integrantes das torcidas organizadas do Atlético, do Coritiba, juntamente com representantes dos organismos de segurança e da Prefeitura de Curitiba, realizaram uma reunião para definir o esquema de segurança para o clássico Atletiba de sábado, no Couto Pereira. Foram definidos os horários de circulação de torcedores atleticanos e coxas-brancas nos terminais de ônibus da cidade, assim como a saída da torcida rubro-negra até o local do clássico.

Segundo o que ficou resolvido na reunião, até às 12h de sábado, a torcida do Atlético estará liberada para circular nos terminais de ônibus da cidade e, a partir das 13h a circulação será aberta aos torcedores alviverdes que forem ao Couto Pereira acompanhar a partida. A partir das 14h a Polícia Militar fará a escolta da torcida rubro-negra da sua sede, ao lado da Arena, até o estádio alviverde e acompanhará a facção após a partida.

Os materiais das facções organizadas foram liberados para as duas torcidas, mas os atleticanos poderão entrar no Couto Pereira com apenas uma faixa e sem os instrumentos acústicos. Isso só acontece porque a diretoria do Furacão, quando tem o mando no clássico, proíbe a torcida alviverde de entrar com a sua bateria no estádio em que está mandando a partida. Somente as bandeiras de mastros foram proibidas também para a torcida coxa-branca, pois a Polícia Militar entende que o material pode se tornar uma arma em eventuais confrontos.

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