Dono de recorde, ex-goleiro Jairo torce por Grohe

O goleiro Marcelo Grohe está a 383 minutos de um recorde histórico. Se não sofrer gols nos próximos quatro jogos do Campeonato Brasileiro, o camisa 1 do Grêmio irá superar Jairo, ex-jogador do Corinthians, que há 36 anos é dono da melhor marca da história do Campeonato Brasileiro. Em 1978, o camisa 1 corintiano conseguiu ficar 1.132 minutos sem ser vazado. Desde então, viu alguns goleiros chegarem perto do número que o consagrou. “Recordes foram feitos para serem batidos. Torço por ele (Grohe). Se conseguir, os méritos são dele”, disse Jairo, em entrevista à reportagem.

Com 749 minutos de invencibilidade, o goleiro do Grêmio precisa ficar mais quatro partidas (diante de São Paulo, Sport, Palmeiras e Goiás) sem sofrer gols. Dessa forma, poderá se tornar o recordista aos 23 minutos da partida, seguinte, contra o Figueirense, na Arena do Grêmio, pela 30ª rodada. O último gol sofrido pelo gremista no Brasileirão foi marcado no dia 24 de agosto, na 17ª rodada diante do Corinthians, em Porto Alegre – Guerrero marcou aos 16 minutos da etapa final na vitória do time gaúcho por 2 a 1. Depois, o time enfrentou o Bahia (1 a 0), Flamengo (1 a 0), Atlético-PR (1 a 0), Atlético-MG (0 a 0), Santos (0 a 0), Chapecoense (1 a 0), Fluminense (0 a 0) e Botafogo (2 a 0).

A série obtida por Jairo, em um período de quase quatro meses, de 15 de fevereiro a 10 de junho de 1978, foi parecida. O Corinthians, como o Grêmio, marcava poucos gols e mostrava muita solidez defensiva. Na época, o sistema defensivo do time contava com Zé Maria, Ademir, Moisés e Wladimir, todos campeões estaduais no ano anterior. “O segredo era a união. Nos dávamos muito bem. Além disso, tínhamos um time coeso, um cobria o erro do outro. Isso facilitava muito”, disse Jairo, que já havia conseguido algo parecido no Coritiba, no começo da década de 1970 – na ocasião, teve duas séries invictas relevantes (950 minutos e 740 minutos).

Depois de uma brilhante passagem pelo Coritiba, onde conquistou o hexacampeonato estadual entre 1971 e 1976, Jairo acertou a transferência para o Corinthians. No clube, estreou em abril de 1977 e passou a revezar com Tobias o posto de titular. “O Oswaldo Brandão implantou isso. No fim, acabou dando certo”, relembra o goleiro, que também chegou à seleção brasileira em 1976.

No começo de 1978, atuando mais que o companheiro de meta, Jairo deu início à construção do recorde. Depois de uma derrota para o Londrina por 1 a 0, o goleiro completou 11 partidas sem sofrer gols, que somadas aos 84 minutos contra o time paranaense e aos 58 minutos diante do Botafogo, já no fim da série, resultaram em um total de 1.132 minutos – Tobias jogou contra o América-RJ (derrota por 1 a 0), Flamengo (empate por 1 a 1), Mixto (empate sem gols), Rio Branco (vitória por 4 a 1), Dom Bosco (vitória por 4 a 0).

Segundo Jairo, a imprensa passou a dar muita importância ao fato à medida que a marca era melhorada. Até então, o recorde era de Leão, que ficou 1.057 sem sofrer gols. “Muita gente falava disso. Até atrapalhava à vezes. Eu entrava em campo pensando nisso”, afirmou.

Na marca obtida por Grohe, os acréscimos das partidas não foram considerados, pois a medida foi adotada oficialmente pela Fifa em 1998. Assim, goleiros como Jairo não tiveram a chance de usar os minutos adicionais concedidos pelos árbitros para aumentar o recorde. “Seria injusto considerar. Na minha época não existiam (os acréscimos). O correto é mesmo contar apenas 90 minutos”, disse o ex-atleta do Corinthians.

MELHORES – O ex-jogador, que hoje dá aulas às crianças de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, destaca o desempenho de três goleiros no Brasileirão deste ano: Jefferson, Paulo Victor e o próprio Marcelo Grohe. Jairo também exalta as atuações de Cássio e Rogério Ceni. “Ele (Rogério) já quase bateu o meu recorde. Também torci para ele”, admitiu.

O goleiro do São Paulo, em 2007, chegou a ficar 988 minutos sem ser vazado, a apenas 144 minutos do recorde. Com a marca, Rogério ficou entre os três primeiros, atrás de Leão e Jairo. Depois de sete anos, o próprio Ceni pode impedir que Grohe o alcance. No próximo sábado, o time paulista vai a Porto Alegre enfrentar o Grêmio pela 26ª rodada do Brasileirão.

LISTA DAS DEZ MELHORES MARCAS NO BRASILEIRÃO:

Jairo (Corinthians), em 1978 – 1.132 minutos

Leão (Palmeiras), em 1973 – 1.057 minutos

Rogério Ceni (São Paulo), em 2007 – 988 minutos

Acácio (Vasco), em 1988 – 915 minutos

Renan (Inter), em 2006 – 795 minutos

Neneca (Guarani), em 1978 – 778 minutos

João Leite (Atlético-MG), em 1978 – 773 minutos

Paulo César (Sport), em 1985 – 756 minutos

Marcelo Grohe (Grêmio) – 749 minutos

Fernando Prass (Vasco), em 2012 – 748 minutos

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