Lendas Vivas

Maurício defendeu o Grêmio Maringá em momentos especias

Nenhum outro goleiro esteve mais presente nos momentos históricos do Grêmio Esportivo Maringá como Maurício Gonçalves, paranaense de Jacarezinho, nascido no dia 26 de fevereiro de 1943. Ele estava defendendo a meta do Galo do Norte quando o alvinegro foi bicampeão estadual, tricampeão regional e derrotou o Sport em Maringá e em Recife, por 3×0 nas duas vezes, que acabou rendendo um título nacional de torneio promovido pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Ele estava no campo no único jogo que o time fez no Maracanã, esteve nos bons momentos como quando venceu seleções estrangeiras (o Grêmio enfrentou as seleções da Rússia, Romênia e do Paraguai) e também nos momentos difíceis como aquele em que time levou 11×1 do Santos no Willie Davids em 1965 ou quando perdeu o tri estadual para o Ferroviário em 1966.

Maurício ficou no Grêmio pouco depois do começo do clube até princípio dos anos 70, quando o time acabou e ele foi embora primeiro para Cianorte e depois para Campo Grande, onde encerrou a carreira em 1977. Ele retornou em 1980 depois que o Galo ressurgiu na metade dos anos 70 com a denominação de Grêmio de Esportes Maringá. “Em 1980 eu voltei para Maringá e até 1986 fui preparador físico do Grêmio”, conta. A vida dele se entrelaçou com a do Galo do Norte e ele ainda está em Maringá. Este homem de aparência tranquila e pouca conversa que mora num apartamento confortável no centro da cidade será sempre um símbolo dos tempos em que o Norte tinha futebol de qualidade e manteve a hegemonia do futebol paranaense.

“A minha história com o Grêmio Maringá começou depois que o time venceu o Ferroviário em Curitiba e conquistou o título de campeão estadual de 1963”, conta Maurício. O título, como ocorria naqueles anos, foi conquistado no começo do ano seguinte, final de março de 1964. “O Grêmio se preparava para a temporada daquele ano e foi jogar em Jacarezinho, que tinha um bom time”, diz ele. A Associação Esportiva Jacarezinho, onde Maurício começou a carreira em 1958, no time juvenil, enfiou 3×0 no Grêmio. O alvinegro ficou tão mordido que pediu revanche, desta vez na Cidade Canção. “E nós ganhamos mais uma vez do Grêmio o que provocou a demissão do técnico Melado e a contratação de Alfredo Farid”, conta Maurício.

Além de novo técnico, o Grêmio cobiçou meio time do Jacarezinho, que mostrou em campo ser melhor que o campeão do Estado. “O Grêmio queria o goleiro que era eu, queria o atacante Edgard, o quarto zagueiro Roderley, além de Salim, ponta esquerda e de Escuritinho. Os dois últimos acabaram indo para o Santos e para o São Paulo”, conta Maurício. E os três que ficaram são até hoje ídolos históricos do Grêmio. Maurício e Roderley ainda moram em Maringá e Edgard mora em Ponta Grossa.

Foi assim que o Grêmio de Maringá montou a base daquele timaço dos anos 60 que se impôs como um dos grandes esquadrões do futebol paranaense. “Era um belo de um time. Era um espetáculo vê-lo jogar. Foi uma boa fase que durou quase dez anos”, conta Maurício. E depois que aquele time acabou cidade e região viram poucas vezes outro igual.

No Maraca

No dia 24 de agosto de 1969, o Grêmio Esportivo Maringá jogou no Maracanã contra o Nacional de Manaus, na preliminar do jogo Brasil e Venezuela, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970. O time de Maringá pressionou o tempo todo, mas acabou vencido pelo tradicional clube amazonense por 1×0, gol marcado por Pepete aos 8 minutos do primeiro tempo. A vitória do Nacional é considerada até hoje a maior e mais festejada conquista do futebol amazonense no cenário brasileiro. No jogo de fundos, não teve pros venezuelanos: vitória das Feras do Saldanha por 6×0.