Histórias do craque

Zé Roberto diz que amigos o transformaram em artilheiro

Zé Roberto olha o maço de cigarros e diz: “Posso fumar um?”. Pega um cigarro, acende e diz: “Esta é a única coisa que eu não consegui parar de fazer. O resto eu parei por causa do AVC. A médica pediu para não fumar, mas ainda não consegui parar”. Depois fala: “Eu fui vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1972, com 16 gols. Os artilheiros foram o Dario e o Pedro Rocha, que marcaram cada um, 17 gols. Dos 16 gols que eu fiz, a maioria foi de cabeça”. Em seguida, observa: “Mas, veja você! Eu tinha de um lado o Flecha. Você se lembra dele? Era um grande ponta-direita. E de outro lado o Aladim, que era um craque”. Em seguida, arremata: “Assim era impossível não fazer gols”. Além de craque, é modesto.

Ele diz que jogou num tempo de muitos craques: “Eu joguei com Didi, com o Gerson quando ele veio da Copa de 70 e foi jogar no São Paulo”. Depois comenta: “Gerson era um grande companheiro. Grande companheiro é aquele que o time está perdendo e você pode contar com ele. Gerson era desse tipo. Teve um jogo em que o Ditão do Corinthians (beque que no Torneio Roberto Gomes Pedrosa acertou com violência o olho esquerdo de Tostão, provocando deslocamento de retina e apressou o fim da carreira do atacante) veio para me arrebentar a canela e eu fui tirar e o Gerson berrou: não tira não! Deixa quebrar mas não tira”, diz Zé Roberto. “Mas, claro, isso é do jogo”, acrescenta. Ele recorda outros cobras: “Joguei com Pagão, com Del Vecchio e com Toninho Guerreiro. Joguei com Bellini e Djalma Santos. Joguei com muitos craques”, diz ele.

Faz pausa e diz: “Mas eu também joguei com um cara que não era um craque, ele era um monstro. Era o Roberto Dias, do São Paulo. Este sim! Ele era um monstro”, diz. “E no Paraná?”. O primeiro nome que sai, poucos jovens conhecem: “Leocádio era muito bom. Aladim também”. Depois recorda quando foi jogar no Atlético, 1968. “Só foi craque naquele ano para o Atlético Paranaense. Fui eu, Bellini, Djalma Santos, Dorval, ponta direita. Nilson, ponta-esquerda da Portuguesa. Nair, também da Portuguesa. Zequinha, volante do Palmeiras. Era um time cheio de craques”, diz ele. Se este time era tão bom, porque não foi campeão brasileiro? “O Atlético não foi campeão brasileiro em 1968 por causa dos juízes. Só por isso. Nós fomos muito prejudicados pelos juízes”, diz ele.

Zé Roberto comenta sobre Sicupira e Tião Abatiá, atacantes de destaque em sua época no Paraná: “O Sicupira era muito técnico. Já os pontos fortes do Tião Abatiá eram a velocidade e a força, mas ele era um grande centroavante”, diz. E como o velho Zé Roberto define o atacante Zé Roberto dos anos 60 e 70? Ele para um pouco, pensa e diz: “Eu acho que eu gostava mesmo era de jogar bola. Era o que eu gostava de fazer. Não queria saber com quem era”, diz. Depois, acrescenta: “Eu joguei com Garrincha. Foi no time do Milionários, mas joguei com ele. Ele me disse, sabe porque estou aqui, Zé? Porque eu gosto de jogar bola. Eu também fui assim”. Zé conta uma história que Garrincha contou. “O Botafogo não sei em que época jogou contra o Palmeiras num domingo e na quarta-feira tinha que pegar o Guarani. Aí Garrincha entrou em campo e perguntou para os companheiros: a gente vai jogar de novo com este time de camisa verde? Ele não queria saber quem era o adversário. Ele queria entrar em campo e jogar bola”, conta. “Eu era mais ou menos assim que eu era. Eu gostava de jogar bola”, diz ele.

Bicampeão em um ano

Conta Zé Roberto: “Em 1971, eu fui campeão estadual duas vezes. Campeão paulista jogando pelo São Paulo e campeão paranaense jogando pelo Coritiba”.

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