Gestão pés no chão

Chapecoense foi da Série D à elite do futebol em seis anos

Planejamento, transparência, comprometimento e responsabilidade. Estas são, para o presidente da Chapecoense, Sandro Luiz Pallaoro, as premissas fundamentais para se conseguir grandes resultados na gestão profissional de um clube do futebol brasileiro. Atravessando um momento delicado em campo – na zona de rebaixamento para a Série C – e com as suas finanças cada vez mais comprometidas, pode-se dizer que o Paraná Clube é, atualmente, o avesso do time do oeste catarinense. A falta de profissionalização do futebol paranista acarreta, desde a queda do clube para a Segunda Divisão em 2007, em crises que parecem não ter fim e que preocupam cada vez mais o torcedor tricolor.

“Essas são as palavras chave para quem quiser ser bem-sucedido no futebol. Você tem que gastar o que arrecada. A Chapecoense não é um clube empresa, mas é administrado por empresários, sem cometer loucuras e sempre trabalhando com os pés no chão. Muitos clubes aceitam pagar salários astronômicos para jogadores e treinadores e acabam afundados em dívidas. É preciso ter mais planejamento e mais responsabilidade para se pagar em dia, tanto salários quanto premiações. Isso acaba refletindo dentro de campo, pois o atleta é além de tudo um ser humano, que tem família e compromissos”, explicou o presidente da Chape.

Apesar de já ser uma realidade e de estar fazendo uma campanha regular na sua primeira edição do Brasileirão, a Chapecoense, com a união dos esforços do poder municipal e do empresariado da cidade e da região, conseguiu chegar à elite do futebol brasileiro cinco anos depois de disputar pela primeira vez a Série D do Brasileirão. “Montamos uma nova diretoria em 2008 com o intuito de transformar a realidade do clube para que não disputasse apenas o Estadual. Em 2009, já conseguimos o vice-campeonato do Catarinense e, na Série D, garantimos o acesso para a Série C de 2010”, contou Pallaoro.

“No final de 2010, fui eleito presidente pela primeira vez e montamos um time mais competitivo em 2011. Fomos campeões do Catarinense e por pouco não subimos para a Série B. O acesso para a Segunda Divisão veio no final de 2012 e, entre os 40 principais clubes do Brasil, demos um salto maior. Tínhamos três mil sócios e queríamos chegar a cinco mil na Segunda Divisão. Além do empresariado e do poder público, a cidade e a região abraçaram a Chapecoense e chegamos a marca de 5.500 sócios. Crescemos muito rápido e já conseguimos o acesso na Série B do ano passado”, recordou.

Com tal crescimento, Pallaoro frisou a importância do investimento nas categorias de base do clube e da profissionalização total do departamento de futebol. “Construímos um centro de treinamento para investir na base. Criamos as escolinhas da Chapecoense e hoje temos equipes do Sub-11 ao Sub-20, com mais de 150 atletas. Formando esses jovens, a ideia é montar times com pratas da casa e que também deem retorno financeiro para o clube. O departamento de futebol foi profissionalizado e gerenciado por ex-atletas que tinham vasta experiência no futebol. Essa soma de fatores nos fez alcançar a vaga na Primeira Divisão”, cravou o mandatário do time catarinense.

O reflexo da boa administração do clube e dos grandes resultados alcançados em campo aparece no aumento do número de sócios do clube. Com aproximadamente 190 mil habitantes em Chapecó, a Chapecoense conta atualmente com pouco mais de onze mil sócios torcedores, que dão ainda mais condições à diretoria de montar times mais competitivos para as disputas das competições nacionais. “Trabalhamos em harmonia com o poder público, com os empresários e com a direção. Atingimos a marca de onze mil sócios, que não são apenas da cidade, mas também de outras cidades da regi&at,ilde;o e até mesmo do Sudoeste do Paraná. Isso tudo é o reflexo do nosso trabalho”, concluiu Pallaoro.

Sustentar é difícil

Apesar de ter um projeto sólido e uma gestão profissional, o grande desafio da Chapecoense é manter o status atual por mais alguns anos, se consolidar no cenário do futebol brasileiro, para evitar que seu destino seja semelhante com o de equipes como São Caetano e Santo André, que despontaram muito bem no Brasil e depois, com dificuldades, não conseguiram se manter na elite do Brasileirão e correm o risco de sumirem do mapa do futebol nacional.

“O Paraná tem mais história e mais tradição do que esses clubes que têm esse sucesso momentâneo. Clubes como a Chapecoense e o Luverdense existem em geral com combinação de empresários que bancam ou com apoio das prefeituras. Essa combinação de fatores não tem muita vida longa. Foi o caso de São Caetano e Santo André, que surgiram bem e depois desapareceram. Em cidades pequenas, o desafio é muito grande em manter esses projetos a longo prazo. Enquanto vai subindo recompensa, mas quando chega no topo, é muito difícil se manter e concorrer com rivais mais poderosos financeiramente”, arrematou o diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira.

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