Brasil coloca o favoritismo em campo contra o Chile

Passados os três jogos da fase de grupos, a seleção brasileira começa a colocar o seu favoritismo ao título da Copa do Mundo em jogo neste sábado, às 13 horas, quando vai enfrentar o Chile, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, em partida válida pelas oitavas de final. Afinal, uma derrota provocará a eliminação precoce e o sonho de conquistar o hexacampeonato. E para que isso não aconteça, a equipe sabe que precisa atuar em alto nível.

Apesar de ter assegurado a primeira colocação do Grupo A, a seleção oscilou na primeira fase. Afinal, bateu de virada a Croácia em uma partida marcada por um pênalti polêmico a seu favor, só empatou com o México e levou sustos diante dos já eliminados camaroneses. “Tem que evoluir, sim. Mas ruim não está. E crescer durante a competição é bom. Melhor do que começar voando e cair”, defendeu o atacante Fred. “A equipe apresenta 80% das condições que tínhamos na Copa das Confederações”, admitiu o técnico Luiz Felipe Scolari.

Até por isso, Felipão optou por mudar a escalação do Brasil para o jogo contra o Chile. Assim, mesmo que não tenha sido confirmado pelo treinador, o volante Fernandinho vai ganhar uma chance entre os titulares após se destacar na goleada por 4 a 1 sobre Camarões, inclusive com um gol marcado. Ele substituirá Paulinho.

O treinador também deixou em aberto a possibilidade de uma mudança na lateral direita, com a entrada de Maicon na vaga de Daniel Alves. E Felipão ainda sofre com um problema de última hora, a contratura na região dorsal sofrida pelo zagueiro David Luiz – caso seja vetado, ele será substituído por Dante.

Independentemente de mudanças na seleção, as atenções estarão, mais uma vez, voltadas para o atacante Neymar. Um dos artilheiros da Copa, com quatro gols, ao lado do argentino Messi e do alemão Müller, ele quer se consolidar como um dos destaques da competição e será sempre acionado pelos companheiros quando o Brasil estiver em dificuldades. Sampaoli, porém, deve fazer de tudo para anulá-lo. “O Neymar faz diferença. Quando está apertado a gente dá a bola nele porque pode resolver em uma jogada individual, encontrar algum espaço”, afirmou Fred.

Diante do Chile, o Brasil também colocará em jogo o seu retrospecto na Copa. Afinal, desde 1986, quando o atual formato de disputa foi adotado, só uma vez, em 1990, a equipe caiu tão precocemente no Mundial ao perder para a Argentina, também nas oitavas. E um novo revés diante de uma seleção sul-americana seria o pior cenário possível.

E essa possibilidade de não realizar o sonho de ser hexacampeão em casa assombra os jogadores do Brasil. “Se perdermos, claro que a frustração vai ser muito grande. Queremos ser campeões”, disse o zagueiro e capitão Thiago Silva.

Tudo isso no pouco usual horário das 13 horas, que até provocou mudanças na programação do Brasil para o duelo contra o Chile. “Eu nunca joguei às 13 horas. No meu caso, costumo acordar cedo, então não tenho dificuldade. É um horário atípico, mas vamos tentar nos adaptar o melhor possível”, disse o volante Luiz Gustavo.

Adversário da vez, o Chile é um freguês histórico do Brasil na Copa. As duas seleções já se enfrentaram em três oportunidades na competição e a seleção venceu todas elas, em 1962, nas semifinais, e também nas oitavas de final, em 1998 e 2010. Dessa vez, porém, a impressão é de que a seleção chilena nunca pareceu estar tão forte para um duelo contra o Brasil. “São dados que só servem para vocês. Esse Chile é o que jogou em 1962? É o time de 2014. É bem diferente. Os dados não nos interessam”, afirmou Felipão.

Com bom toque de bola, jogadores habilidosos e velocidade, o Chile foi um dos destaques da primeira fase da Copa e provocou a eliminação da Espanha, a atual campeã mundial, ao derrotá-la por 2 a 0, no Maracanã, avançando em segundo lugar no Grupo A, atrás da Holanda. Por isso, seus jogadores exibiram confiança antes do duelo contra o Brasil e disseram que chegou o momento de “fazer história” na Copa.

Será com jogadores como Alexis Sanchez e Eduardo Vargas que a equipe dirigida por Jorge Sampaoli tentará eliminar os anfitriões do Mundial e provocar mais uma surpresa na competição, derrubando mais uma potência. Mas, independentemente de conseguir, eles serão um grande teste para o sistema defensivo brasileiro, até agora algo alvo praticamente apenas de elogios. O grande problema chileno é que jogadores importantes, como Medel e Vidal, estão lesionados e longe das condições ideais.

Além dos seus dois atacantes, o Chile tem outras para armas para superar a seleção. E entre elas estão jogadores com forte ligação com o futebol brasileiro. São os casos de Valdivia, que não tem a sua escalação confirmada por Jorge Sampaoli, Aranguiz e Mena, que defendem clubes do País.

Talvez por isso, a rivalidade entre sul-americanos e a catimba que costuma envolver esse tipo de partida não chegaram a esquentar o clima nas vésperas do duelo. “No alto nível que a gente está, a Fifa está de olho para punir mesmo que o árbitro não veja. Não vai ter deslealdade. E se tiver, terá punição”, garantiu o atacante Fred.

Mas a polêmica entre as equipes cresceu quando o assunto foi a arbitragem, com insinuações de que o Brasil poderia ser favorecido, ainda em um reflexo do pênalti marcado sobre Fred na abertura da Copa. A CBF respondeu em pronunciamento oficial da sua assessoria de comunicação, classificando o comportamento chileno como “primitivo”, mas ficou a certeza de que o inglês Howard Webb estará sob constante supervisão das equipes.

Ao Brasil, resta torcer para que o retrospecto recente do árbitro da final da Copa de 2010 se repita, pois há exatos quatro anos foi ele quem apitou a vitória por 3 a 0 sobre o Chile, também pelas oitavas de final do Mundial. Isso se repetindo, o Brasil seguirá firme com o sonho do hexacampeonato.