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Abertura da Copa tem atração discreta com paraplégico

A abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira, contou com uma atração incomum em eventos deste tipo. Um jovem paraplégico, vestindo um exoesqueleto, deu o pontapé inicial do Mundial, na beira do gramado do estádio Itaquerão, antes da partida entre Brasil e Croácia, em São Paulo.

O aguardado experimento científico, conduzido pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, acabou decepcionando a comunidade científica porque chamou pouco a atenção dos torcedores. Nem os telespectadores puderam acompanhar o pontapé inicial porque as câmeras da geradora de imagens não captaram a imagem.

Durante a cerimônia de abertura, antes da apresentação musical de Claudia Leitte, do rapper Pitbull e de Jennifer Lopez, Juliano Pinto, de 29 anos, deu um chute na Brazuca na margem do campo. Juliano, que vestia uma camisa verde e amarela, tem paraplegia completa de tronco inferior e membros inferiores. Mas conseguiu chutar a bola com seu pé porque estava usando um esqueleto robótico.

Com o chamado exoesqueleto, ele é capaz de dar passos e chutar a bola ao transmitir um comando mental que é captado pelo esqueleto, que atende as ordens emitidas por seu cérebro. Em outras palavras, o paraplégico conduziu o exoesqueleto com a força dos seus pensamentos.

No exoesqueleto, um capacete com sensores captam as emissões do cérebro do paciente e enviam para um computador localizado em uma mochila em suas costas. As emissões são decodificadas e enviadas para o esqueleto robótico que reproduz os movimentos ordenados pela mente do paciente.

O experimento é conduzido por um consórcio de cientistas de diversos países e é liderado pelo brasileiro Miguel Nicolelis, especialista em neurociência e fanático por futebol. Foi por causa do seu amor pelo esporte que o torcedor do Palmeiras decidiu transformar o seu experimento no pontapé inicial da Copa do Mundo.

Para fazer o projeto, chamado de Andar de Novo, ele contou com ajuda do governo federal. Foram R$ 33 milhões bancados pelo Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Apesar da pouca atenção recebida na abertura da Copa, Nicolelis exaltou o experimento. “É só o começo de um futuro em que pessoas com paralisia poderão abrir mão de cadeiras de rodas e, literalmente, andar de novo”, afirmou o cientista, que contou com oito pacientes nos testes do experimento. “Foi um grande trabalho de equipe e destaco, especialmente, os oito pacientes, que se dedicaram intensamente para este dia. Coube a Juliano usar o exoesqueleto, mas o chute foi de todos. Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência”, destacou.