Lados opostos

Galvão lamenta morte de Luciano e exalta aprendizado

Para o público que acompanhou esporte pela televisão nos últimos 30 anos, Luciano do Valle e Galvão Bueno eram antagonistas. Na maior parte das grandes competições, um estava ao vivo pela Band, outro pela Globo. Fora do ar, porém, eles eram amigos. Falecido neste sábado, Luciano recebeu bela e emocionada homenagem de Galvão, que falou ao vivo com José Luiz Datena, na Band.

“Disputei com o Luciano cada ponto da audiência por quase 40 anos, mas foi uma luta sempre muito leal. Essa luta nos tornou bons amigos. Trabalhamos juntos durante mais de um ano na Globo e continuou essa disputa muito leal. Para enfrentar ele esses anos todos, me esforcei muito. Me transformei a cada dia para conhecer todos os esportes que o Luciano sempre transmitiu com tanta competência”, exaltou Galvão.

Os dois trabalharam juntos na Globo em 1982, quando Luciano narrou sua segunda e última Copa como narrador titular da emissora carioca. No ano seguinte ele deixou o Jardim Botânico para se arriscar na Record, onde acreditava teria mais espaço para os projetos que acabou por executar na Band, já a partir de 1983. Foi com a saída dele que Galvão virou narrador principal da Globo, seja no futebol, no boxe ou na Fórmula 1.

“Às vezes ia na cabine do Luciano antes ou depois do jogo, ele também vinha. Muitas vezes um tentou ajudar o outro quando um torcedor mais violento ia para cima. Para dizer em uma frase, a televisão brasileira e a comunicação no pais ficam mais pobres. Ele é um marco, uma bandeira. Me orgulho de falar que fui amigo e concorrente dele durante todos esses anos. Aprendi com ele, como talvez ele tenha aprendido comigo. É um dia muito duro, muito difícil”, declarou Galvão.

O narrador da Globo se emocionou principalmente ao lembrar que a Copa do Brasil será a primeira sem Luciano, que narrou seu primeiro Mundial na TV em 1978, exatamente pela Globo. “Ele morreu indo trabalhar, abrir mais um Brasileiro. A gente lamenta sempre a morte de uma pessoa importante, querida e muito próxima nesses quase 40 anos. Não sei como será fazer a Copa sem ter ele passando a emoção para os milhões de telespectadores dele, enquanto passo para os milhões dos meus. Vai ser difícil. Como foi bom ter o Luciano como amigo e concorrente nesses quase 40 anos…”

Assim como Galvão, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que o jornalismo esportivo brasileiro fica mais pobre. “Lamento profundamente a morte de Luciano do Valle e me solidarizo com os parentes e amigos do grande narrador. O jornalismo brasileiro, especialmente o jornalismo esportivo, fica empobrecido com essa perda”, escreveu, em nota oficial.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) determinou um minuto de silêncio antes das partidas da primeira rodada do Brasileirão e lembrou que Luciano faleceu quando voava para transmitir um jogo da competição. “Ele era, sobretudo, um amigo da CBF. Luciano foi um ícone da televisão, um verdadeiro patrimônio da nossa imprensa”, declarou José Maria Marin.

Já a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), que viu Luciano do Valle narrar o título mundial da seleção feminina em 1994, se pronunciou por meio de Carlos Nunes, seu presidente. “Foi uma grande perda para o jornalismo brasileiro. O Luciano foi responsável pelo crescimento e a divulgação de várias modalidades esportivas e em especial o basquete.”

Voltar ao topo