Gosto pelo poder

Conselho do Atlético se reúne para votar mandato

A proposta da extensão de mais um ano do mandato do presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Antonio Carlos de Pauli Bettega, que será votada pelos conselheiros do clube na próxima segunda-feira, durante uma reunião extraordinária que será realizada em um hotel na região central de Curitiba, servirá também para a prorrogação do poder de Mário Celso Petraglia à frente do clube. O Paraná Online teve acesso à pauta da reunião enviada aos conselheiros e apesar de o clube divulgar no edital de convocação que a extensão do mandato contemplará apenas o Conselho Deliberativo, a mesma proposição servirá para o Conselho Administrativo do Furacão.

De acordo com o texto, a proposta de alteração do prazo de mandato do Conselho Deliberativo e Conselho Administrativo no Estatuto Social do Atlético busca alterar o estatuto de acordo com a mudança do artigo 19 da Lei Pelé, que foi reformada no ano passado e agora diz que “as entidades sem fins lucrativos componentes do Sistema Nacional do Desporto, referidas no parágrafo único do art. 13, somente poderão receber recursos da administração pública federal direta e indireta caso: I – seu presidente ou dirigente máximo tenham o mandato de até 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) única recondução”.

Porém, de acordo com o ex-vice-presidente do Atlético, José Cid Campêlo Filho, que fazia parte da diretoria atleticana e deixou o cargo depois de denunciar um possível beneficiamento de parentes de Mário Celso Petraglia na celebração dos contratos da reforma da Arena da Baixada, frisou que a manobra não foi bem esclarecida pelo clube no documento enviado aos conselheiros atleticanos. Além disso, o ex-dirigente disse ainda que a convocação da reunião foi feita de maneira irregular, já que de acordo com o atual estatuto do Atlético, tal proposta só pode ser colocada em discussão se a reunião extraordinária for convocada especialmente para este fim.

“A lei fala que o mandato terá ser de até quatro anos. Como o mandato do presidente do Atlético é de três anos, não existe nenhuma razão para se aumentar o tempo do mandato. Tal como está, o Atlético poderá perfeitamente receber os mencionados recursos. Isso é uma manobra para aumentar o benefício das pessoas que estão atualmente no poder do Atlético. Para que propor isso? Somente ele tem condições de dirigir o Atlético? Ele pensa que é o único que entende ou sabe das coisas. Diversos atleticanos podem assumir a presidência”, explicou o ex-dirigente atleticano.

Um conselheiro do Atlético, que não quis se identificar, reforçou a justificativa de José Cid Campêlo Filho e também é contra a extensão do mandato de mais um ano da atual diretoria atleticana. “Sou contra. Apesar de eles terem passado a justificativa antecipadamente e não como aconteceu da última vez, quando a Fundação do Atlético foi votada, não concordo com os motivos apresentados. A lei pede que o mandato seja de até quatro anos e, se a situação atual é de três anos, não vejo incompatibilidade nenhuma nessa proposição e o momento não é oportuno para se pleitear a extensão do mandato. O Petraglia tem o conselho na mão e dificilmente isso não será aprovado”, complementou o conselheiro rubro-negro.

Se a proposta for aprovada pela maioria dos conselheiros presentes na reunião extraordinária de segunda-feira, as eleições do Conselho Deliberativo e Conselho Administrativo serão realizadas no final de 2015 e, a partir do final do ano que vem, serão realizadas a cada quatro anos. O cenário para o presidente do clube, Mário Celso Petraglia, em dezembro de 2015, estará mais consolidado, sobretudo com a Arena da Baixada concluída e rendendo bons frutos para o clube.