Boluca deu os primeiros passos no Poty

‘Eu dei os meus primeiros passos no Poty, no Estádio Manoel Aranha. O estádio ganhou este nome porque este Aranha, que era presidente do Atlético Paranaense, ajudou a cercar aquela área que virou um campo de futebol. Mas quando eu penso em começo de carreira, eu sempre acho que comecei a jogar futebol no Juventus. Então, eu era juventino, porque era o time da colônia polonesa em Curitiba e eu sou polaco. Meus pais eram imigrantes poloneses. Para você ter uma ideia, eu nasci na Rua Brigadeiro Franco, no centro da cidade, no dia 11 de fevereiro de 1931 e em 1945, com 14 anos eu já fazia partidas pelo profissional do Juventus, apesar de ainda estar no time juvenil. Não era titular, mas fui ganhando posição e nos anos de 1948 e 1949 eu estava no time titular. Mas eu entrei antes na categoria de base. Somando todo o período eu joguei seis anos no Juventus’.

Rivalidade com o Coxa

‘O Juventus não era um time de destaque. Na realidade, ele freqüentava mais as partes baixas da tabela. Às vezes ganhava, às vezes perdia, mas era brigador. Naquele tempo, para ser sincero, o time que se destacava mais que os outros era o Coritiba. E o Juventus tinha uma grande rivalidade com o Coritiba, por conta de ser um time da colônia polonesa. A colônia polonesa era naquela época uma das maiores da cidade junto com a colônia italiana. E o Coritiba era um time à época mais alinhado com a colônia alemã. Acho que por conta do que houve na guerra, estas coisas, a rivalidade era grande. E apesar de o Juventus não ser um time forte e o Coritiba ser forte, as partidas, principalmente as realizadas no estádio do Juventus, no Batel, o Franklin Delano Roosevelt, eram muito disputadas. E o Juventus, vez e outra, derrubava o Coritiba, o que era motivo para grande comemoração na numerosa colônia polonesa, que ganhava adesão dos italianos, talvez por causa do nome do time. Naquela época os campeonatos eram de três turnos e um deles o Juventus sempre beliscava. Era a grande zebra. Mas o campeonato acabava sendo do Coxa, porque era muito difícil ganhar deles, era quase uma tradição’.

Polonês com nome italiano

A história do Juventus começa no dia 10 de abril de 1922, quando ele nasceu sob o nome de Strzelec, que em polonês significa atirador ou arqueiro. Os sócios acharam o nome muito bélico e para evitar confusão pressionaram a diretoria para mudar para algo mais singelo e simples. E o nome do clube foi alterado para Towarzystwo Wychowania Fizycnego Junak (Sociedade de Educação Física Junak), que os brasileiros abreviaram para Junak, que em polonês significa jovem destemido. O time Junak (pronuncia-se iunaque) começou a disputar partidas amadoras nos anos 20 usando as cores vermelha e branca da Polônia e entrou para o profissionalismo, que não era tão profissional assim, mas futebol de adultos – ou categoria principal – em 1935, por conta do bom desempenho no ano anterior entre as equipes amadoras, quando conquistou o vice-campeonato. Depois, para evitar interferência do governo polonês que queria controlar as atividades da Junak, certamente por pirraça, os integrantes mudaram o nome para Juventus, inspirado no nome do famoso clube italiano de Turim. E embora fosse um time da colônia polonesa, também tinha como adeptos muitos imigrantes italianos. E foi o primeiro time paranaense no Brasil a usar as faixas horizontais no peito, como o Coritiba usa hoje, mas quando o nome passou a ser Juventus, as cores ficaram vermelho, preto e branco, semelhantes às do São Paulo. O segundo uniforme do Juventus era preto e branco. Nos anos 50 e 60, o time do Juventus também chegou a usar o uniforme semelhante a seu homônimo de São Paulo, com as cores do Torino, vermelha e branca, mas sempre disputando torneios nas categorias de base.