Não demorou para Ramirez e aportar no Flamengo

O que tinha tudo para ser um caso de rivalidade aguda no futebol sul-americano, acabou, como se diz no jargão político, terminando em pizza. Não demorou para Ramirez deixar o Huracan Buceo e aportar no Flamengo de Zico, Junior & Cia. Isto aconteceu em 1977, um ano depois do carreirão. E demorou pouco para o uruguaio se encontrar novamente com Rivellino. “A Seleção Brasileira estava treinando na Gávea e o pessoal fez a aproximação”, diz ele. Ramirez foi lá e pediu desculpas pelo ocorrido. “Eu disse que eu era um cara romântico, que gostava de cantar bolero. Eu canto até hoje bolero e samba. Ele disse que gostava de passarinho. A gente conversou, se abraçou e ficou tudo bem”. Rivellino e Ramirez ficaram amigos.

Mas ninguém esqueceu o carreirão. No primeiro Fla-Flu (Rivellino nesta época era do Fluminense), os dois jogadores foram recebidos por duas mulatas com buquês de flores. “Mas quando eu ia marcar o Riva, a geral não perdoava e gritava: pega ele, Ramirez, pega ele”, recorda. Eles achavam graça. “Teve um Fla-Flu que o presidente Márcio Braga disse que se a gente ganhasse ia ficar com uma parte da renda de bicho. Era muito dinheiro. O Mozer que estava começando naqueles anos comprou um Del Rey com o bicho de um jogo”, recorda Ramirez. Todo mundo queria casa cheia.

O problema é que choveu no dia do jogo. A renda ia ficar prejudicada e aí alguns jogadores tiveram aquela ideia. “Eles vieram e disseram para eu dar uma entrevista para o pessoal da Rádio Tupi e da Rádio Globo que ficava na concentração, dizendo que no jogo eu ia pegar o Rivellino outra vez e ia dar outra corrida nele. Eles queriam agitar e levar gente ao estádio. Mas é claro que eu não fiz isso. Então, aquela história sempre foi lembrada depois de um jeito ou de outro”, diz Ramirez, o uruguaio que adotou o Brasil para viver, que canta bolero e aprendeu a cantar samba, tocar cavaco, violão e piano. E que chegou a se arriscar a cantar na noite. “Já cantei no Bar Botafogo nas Mercês, no Matriz e Filial e outros bares em Curitiba”, diz ele.

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