Relatório aponta apoio ao doping na Alemanha Ocidental

O governo da Alemanha Ocidental tolerou e encobriu uma cultura de dopagem entre seus atletas durante décadas, chegando ao ponto de incentivá-los a ingerirem substâncias dopantes durante a década de 1970. Estas e outras afirmações constam num aguardado estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Federal de Ciências do Desporto (Bisp, na sigla em alemão).

O relatório de 501 páginas intitulado “Doping na Alemanha, de 1950 até hoje” acusa o próprio instituto de ter exercido o papel central na dopagem sistemática apoiada pelo governo em busca de sucesso internacional. O relatório afirma que o Bisp, que foi formado sob a jurisdição do Ministério do Interior, em 1970, tentou estabelecer “doping sistêmico sob o disfarce de pesquisa acadêmica”.

Apesar de o controle do governo da Alemanha Ocidental (cujos resultados foram herdados pela Alemanha após a unificação) sobre esporte ser comparável ao da Alemanha Oriental, os autores do relatório apontam “a participação de muitos treinadores nacionais, médicos esportivos e funcionários era de uma forma ostensivamente semelhante ao sistema de dopagem sistemática da Alemanha Oriental”.

O estudo, conduzido por pesquisadores sob a liderança de Giselher Spitzer, da Universidade Humboldt de Berlim, com uma outra equipe com base na Universidade de Muenster, foi concluído em abril, mas a publicação foi adiada por tempo indeterminado para que se discutisse a publicação ou não de nomes.

A pressão para que o documento fosse revelado cresceu depois que parte dele veio a público por um jornal alemão, no sábado. No entanto, a versão revelada nesta segunda não aponta nomes.

A investigação foi pedida pelo Comitê Olímpico Alemão em 2008, e recebeu cerca de 700 mil dólares (cerca de R$ 1,4 milhões) para que fosse concluída. Os pesquisadores dividiram o trabalho em três períodos: 1949/1972, 1972/1989 e 1989/2007. “A história do doping na Alemanha Ocidental não começou em 1970, mas já em 1949, quando o país foi criado”, diz o relatório.

Os historiadores descobriram uma carta do chefe do comitê medico da Fifa, Mihailo Andrejevic falando de “traços muito finos” do estimulando efedrina em três jogadores alemães na Copa do Mundo de 1966. Mas, segundo o relatório, a Federação Alemã de Futebol se recusou a abrir os seus arquivos.

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