Contrapeso do irmão Nene, Nico ganhou destaque no varzeano

Nico, cujo nome de batismo é Livadir Toaldo, nasceu no dia 8 de março de 1937 no bairro São Braz, em Curitiba, e começou a jogar bola em 1953, no Trieste de Santa Felicidade. Ele se destacou nas partidas do campeonato varzeano, mas quem fez fama foi seu irmão Nene, dois anos mais velho e cujo nome de batismo é Naldemir Toaldo. Nene jogava de centroavante e sua fama chegou em Vila Guaira. O Água Verde se interessou por ele. E foi buscá-lo em 1955. O patrono do time alviverde, Orestes Thá, foi a Santa Felicidade e disse: “Eu quero o Nene”. Mas o pai do jogador disse que só liberava o centroavante para jogar em Vila Guaira se o clube levasse o zagueiro Nico de contrapeso. “Eu fui para o Água Verde de contrapeso”, relembra Nico, sem a menor contrariedade.

Naquele tempo era preciso gostar muito de futebol para encarar o ritmo de jogador profissional e trabalhar para viver. A vida não era fácil. “Eu levantava três horas da manhã. Ia para o matadouro e matava de dez a doze porcos por dia. Depois voltava para casa, tomava banho e ia de bicicleta daqui de Santa Felicidade até a presidente Kennedy fazer exercícios físicos e treinar”, diz.

Ele e o irmão ficaram três anos no Água Verde. “Na realidade eu fiquei lá tampando buraco até acertar um novo negócio”, diz. No final do contrato, como o time de Vila Guaira não pagava direito e às vezes nem pagava, os dois jogadores se sentiram liberados para procurar outro clube. Este outro clube seria o Coritiba, que estava interessado no zagueiro Nico. “Aí aconteceu o contrário. O Coritiba queria que eu fosse jogar no Alto da Glória, mas meu pai queria que o Nene fosse de contrapeso. Mas o Nene disse que não queria ir para o Coritiba e foi para o Atlético”, recorda Nico.

Aquela decisão deixou Nico preocupado. “Eu fiquei pensando: seu sou zagueiro e ele é centroavante, e ele vai jogar no principal adversário do Coritiba, isto não vai dar certo”, comentou. O temor era os dois irmãos fortes se confrontarem e um acabar arrebentando o outro. Mas os temores na prática se mostraram infundados. “No fim das contas, só joguei uma vez contra meu irmão, porque ele deixou o Atlético e foi para o Arapongas. Naquela época os times do Norte do Paraná estavam pagando bem”, recorda.