Copa 2014

Para que Arena seja sede da Copa, obras precisam voar

A partir de amanhã, a Arena da Baixada terá exatos cinco meses para ficar pronta, caso seja a intenção da CAP S/A cumprir o prazo estabelecido pela Fifa, que é 31 de dezembro deste ano. Só que, enquanto o cronograma fica cada vez mais apertado, aumentam as complicações em torno da obra escolhida para sediar quatro jogos da Copa do Mundo. Hoje, não é exagero afirmar que pairam dúvidas sobre a possibilidade de o estádio atleticano ficar pronto dentro do prazo definido pelos organizadores do Mundial.

O mais recente impasse é unificar os orçamentos com os quais trabalham governo do Estado, Prefeitura de Curitiba, BNDES e CAP S/A. Para que novos recursos sejam liberados para a obra, as contas precisam coincidir. Trata-se de uma exigência do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) feita em relatório divulgado recentemente. Sem que as contas da reforma da Arena da Baixada estejam equalizadas não haverá novo repasse de recursos. Tecnicamente, estão suspensas as próximas parcelas do financiamento feito junto ao BNDES.

Até agora, foram repassados R$ 85,2 milhões à obra, de um total R$ 131,1 milhões, o que equivale a 65% do financiamento integral. Só que esse dinheiro já não serve. Na sexta-feira passada, o presidente do Atlético, e da CAP S/A, Mário Celso Petraglia, confirmou que o custo da reforma do estádio atingiu a quantia de R$ 265 milhões. O BNDES tem em mãos um orçamento de R$ 195,7 milhões, enquanto os poderes estadual e municipal ainda trabalham com o valor inicial da obra, de R$ 184,6 milhões.

Tudo indica que o poder público não está disposto a mexer no orçamento já aprovado. Até porque, isso possivelmente resultaria em mais atrasos para a obra, haja vista que novas leis teriam que ser encaminhadas à Câmara Municipal de Curitiba e à Assembleia Legislativa para aumentar as cotas de prefeitura e governo no acordo tripartite, junto com a CAP S/A, além de que uma nova lei do potencial construtivo teria que ser aprovada. O desinteresse do poder público em novos desembolsos ficou claro ontem.

Houve uma reunião na sede da Fomento Paraná, onde o reajuste no orçamento não recebeu tratamento prioritário. “Foi uma reunião técnica por conta da operação da gestão do potencial construtivo, que tem que ser lançado no mercado para suprir o financiamento. Ninguém informou nada sobre o aumento no valor das obras. Se aumentar, não significa que a CAP S/A vai pedir para ser repartido esse valor a mais. Se acontecer, será feita toda uma análise. Estamos trabalhando com o valor de R$ 184,6 milhões”, explicou o secretário municipal da Copa do Mundo, Reginaldo Cordeiro.

Enquanto isso, Fifa e Comitê Organizador Local (COL) ligaram o sinal de alerta sobre a possibilidade de a Arena da Baixada ser concluída a tempo. Em agosto, haverá uma nova inspeção do estádio. Se depender da opinião pública, tanto faz como tanto fez. A mais recente pesquisa do instituto Paraná Pesquisa, publicada na edição de sábado passado do jornal Gazeta do Povo, mostra que o curitibano está contrário à Copa na cidade. Dos entrevistados, 58,5% não pretendem ir ao estádio para ver jogos do Mundial. Outros 86,7% são contra investir dinheiro público na Arena. Já 87,8% acham que a Copa está atrapalhando projetos mais importantes para a cidade e 73,4% veem o Mundial como estopim para manifestações populares na Capital. Diante deste cenário, a pergunta que não quer calar é: você acha que vai ter Copa em Curitiba?

Colaborou: Luiz Ferraz