Felipão dá volta por cima e recoloca a seleção no trilho

Ao ser campeão da Copa das Confederações, Luiz Felipe Scolari voltou a mostrar que é um predestinado como técnico. Demitido no ano passado pelo mesmo Palmeiras que ele ajudou a consagrar em 1999 com a conquista da Libertadores, o treinador comemorou neste domingo o seu 19.º título naquela que foi a 30.ª final da sua carreira.

Assim como aconteceu na Copa do Mundo de 2002, quando triunfou com sete vitórias em sete jogos, o comandante do penta foi campeão, agora no lotado Maracanã, com 100% de aproveitamento na Copa das Confederações. E, para completar, colocou a última cereja no bolo ao bater a poderosa Espanha na final na partida mais esperada dos últimos tempos no futebol mundial.

Felipão assumiu a seleção brasileira no final de novembro, depois da abrupta demissão de Mano Menezes, e já na sua primeira entrevista coletiva fez questão de lembrar que o Brasil precisaria reassumir a condição de protagonista. “Hoje não somos os favoritos, mas daqui um ano e meio seremos. Não passa pela nossa cabeça não ganhar a Copa em casa”, admitiu, sem falsa modéstia, em sua apresentação ao lado do coordenador Carlos Alberto Parreira, o treinador do tetra de 1994.

Antes disso, Felipão foi demitido pelo Palmeiras no dia 13 de setembro, quando chegou a ser apontado por muitos como o principal responsável pelo péssimo momento vivido pelo clube, que pouco depois seria rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro. Naquele mesmo 2012, porém, ele levou o time ao título da Copa do Brasil, provando mais uma vez que tem, no mínimo, estrela como técnico.

Naquele momento, Felipão encerrava um jejum de títulos importantes que durava justamente desde 2002, quando se consagrou com a seleção do penta. O longo período sem taças de expressão – em dez anos foi campeão apenas da inexpressiva Liga Usbeque pelo Bunyodkor em 2009 – colocou em xeque a real competência do experiente treinador. Neste mesmo período, entretanto, ele também levou Portugal a uma final de Eurocopa, em 2004, e ficou em quarto lugar com os portugueses na Copa do Mundo de 2006.

Tido como ultrapassado em alguns momentos, Felipão mostrou nesta Copa das Confederações, porém, que ainda sabe formar times fortes e competitivos. Cambaleante no início desta sua segunda passagem pela seleção, quando apostou em boa parte dos jogadores que faziam parte da base formada por Mano Menezes, aos poucos foi dando cara a uma seleção que, com seu antecessor, nunca conseguiu convencer e ter uma sequência positiva que inspirasse grande confiança dos torcedores.

Com o triunfo deste domingo, Felipão passou a ostentar 17 vitórias e apenas cinco derrotas em jogos oficiais no comando da seleção – esses números não contabilizam amistosos. E, ao bater a Espanha neste domingo, ele ampliou para 13 o número de triunfos seguidos em competições oficiais pelo time brasileiro, um recorde.

A sequência de vitórias começou nos 3 a 0 sobre a Venezuela, na rodada final das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002. Em seguida, foram sete seguidas no Mundial na Coreia do Sul e Japão e agora mais cinco na campanha do título da Copa das Confederações. E, exatamente 11 anos após bater os alemães na final do Mundial, em 30 de junho de 2002, ele liderou o Brasil rumo ao título da Copa das Confederações.