Capitães vão ler texto antidiscriminação nas semifinais

Depois da aprovação de punições mais duras contra o racismo no último congresso da Fifa, em maio, é hora de começar a implantar as medidas. Nesta quarta-feira, antes da semifinal entre Brasil e Uruguai, no Mineirão, e na quinta, antes de Espanha e Itália, em Fortaleza, os capitães das duas equipes vão ler declarações antidiscriminação. Pela nova resolução aprovada em maio pelo Comitê Executivo da Fifa, um clube acusado de racismo pode ser excluído de competição ou rebaixado de divisão.

“Em nome da seleção brasileira, declaro que rejeitamos qualquer tipo de discriminação, seja racial, de gênero, origem étnica, religião, sexualidade ou de outra natureza”, lerá nesta quarta, antes da bola rolar, Thiago Silva em Belo Horizonte. “Se todos trabalharmos juntos, podemos conseguir. Diga não à discriminação! Diga não ao racismo!”, pedirá Lugano em nome dos uruguaios. Os textos que serão lidos pelos capitães, diferentes embora com o mesmo objetivo, já foram definidos pela Fifa.

O mesmo será feito nas quartas de final da Copa do Mundo de 2014. Desde 2002, a Fifa realiza os “dias antidiscriminação”. Pela nova resolução da entidade, uma primeira infração resultará em advertências, multas ou partidas a portões fechados. No caso de reincidência ou infração grave, haverá redução de pontos, exclusão da competição ou, no caso de um clube, queda para divisão inferior.

Hoje funcionário da Fifa – é gerente geral do Maracanã durante a Copa das Confederações -, o ex-zagueiro Anthony Baffoe afirmou que ainda existe racismo no futebol. Segundo o ganês, que construiu a carreira no futebol alemão, a iniciativa para acabar com a discriminação não pode partir só dos discriminados. “Não é só um problema para os negros”, disse. Por isso, Baffoe elogiou a postura dos jogadores do Milan, que deixaram o campo durante o amistoso contra o Pro Patria junto com Kevin-Prince Boateng, em janeiro, depois de ofensas ao meia, também ganês.

Escalado pela Fifa para a entrevista coletiva do dia “antidiscriminação” da entidade, Baffoe minimizou qualquer polêmica criada após o comentário do técnico da Itália, Cesare Prandelli, no sábado, antes do jogo contra o Brasil. Ao comentar por que Balotelli havia sido o único dos jogadores a deixar o hotel, o treinador disse que era “por ter uma cor diferente da nossa”, referindo-se ao restante do grupo e delegação italiana.

“Se o Pirlo saísse na rua em Salvador, tratariam ele do mesmo jeito que o Balotelli; definitivamente eles têm o maior centro afro do Brasil. Não acho que tenha sido um comentário racista, conheço o Prandelli”, disse Baffoe.

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