Onda de protestos não deixa o esporte paranaense de lado

Se a onda de protestos que varre o País abraçasse também o futebol paranaense, quais seriam as reivindicações? Por certo, não seriam poucas. No campo das transparências, começaria por pedir mais prestação de contas do dinheiro público que já foi investido na reforma da Arena da Baixada. Desde que se criou o subterfúgio do potencial construtivo, o poder público fala que criará um portal para tornar claro o que é investimento do cidadão e o que é investimento privado na obra, mas, até agora, nada. Não deveria ser ser assim. Afinal, é dinheiro público em obra privada.

Outra reivindicação seria pelo fim da reeleição em cargos de comando de clubes, federações e CBF. Não vai faltar gente para alegar que são entidades privadas e que, portanto, não se deve meter o bedelho. Mas alto lá, cara pálida. Tratam-se de instituições aquinhoadas com o termo “sem fins lucrativos” e, por isso, muitas delas passam longe de prestar corretamente contas ao fisco e outros organismos fiscalizadores. Por isso, não raro, pipocam denúncias de que servem para esconder malfeitos dos cartolas que as dirigem.

O fim da reeleição seria um instrumento com virtudes para acabar com as suspeitas. Afinal, o que leva uma pessoa a querer se eternizar no cargo de presidente de uma associação esportiva, já que a grande maioria reclama que elas só dão prejuízo e dor de cabeça? Se for assim, quatro anos ou três – dependendo do estatuto do clube ou da federação – já está de bom tamanho. O fim da reeleição abriria caminho para a oposição sadia e fiscalizadora, salvo nos casos dos chamados clubes-empresa, onde está claro que trata-se de um negócio e que o presidente, normalmente, é o dono da bagaça.

Saindo da esfera político-financeira, e entrando no campo técnico, as reivindicações não cessam. Uma delas está relacionada ao complexo de “vira lata” que cerca o futebol paranaense. Raramente chega a disputar títulos nacionais ou internacionais, e quando chega, na maioria das vezes, perde. Foram seis decisões relevantes até hoje: Brasileiro de 1985, Brasileiro de 2001, Brasileiro de 2004, Libertadores de 2005, Copa do Brasil de 2011 e Copa do Brasil de 2012. Destes, ganhou só em 1985 (Coritiba) e em 2001 (Atlético). Fica aqui o protesto: Série B não conta.

E, em se tratando especificamente do Trio de Ferro, quais seriam as reivindicações. No caso do Rubro-Negro, um time padrão Série A e mais acesso às notícias do clube – inclusive as não-oficiais. No Coxa, as cobranças ao departamento médico pela demora na recuperação de jogadores e a tão reclamada revitalização do Couto Pereira que, enfim, começa a sair do papel. Por fim, no Paraná Clube, o fim da saga na Série B e a reorganização das contas tricolores. Como se vê, motivos não faltam para continuar protestando.

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