Campeão da Volta da França de 1997 admite doping

O alemão Jan Ullrich, campeão da edição de 1997 da Volta da França e dono de duas medalhas olímpicas, admitiu pela primeira vez que se utilizou de doping sanguíneo, através de tratamento realizado pelo médico espanhol Eufemiano Fuentes, durante a sua carreira, de acordo com uma entrevista publicada por uma revista alemã neste sábado.

Ullrich já havia reconhecido que teve “contato” com Fuentes, mas foi mais longe na entrevista para a semanal Focus. “Sim, recebi tratamento de Fuentes”, disse o alemão. Perguntado se ele realizou apenas doping sanguíneo com Fuentes, Ullrich respondeu: “O diagnóstico do médico diz isso”. Ele afirmou que não conseguia se lembrar quantas vezes havia recebido tratamento de Fuentes.

Em fevereiro de 2012, a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) suspendeu Ullrich por dois anos pelo doping sanguíneo. A CAS apontou que o alemão esteve “totalmente engajado” no programa de doping de Fuentes, exposto na Operação Puerto. O tribunal retirou o seu terceiro lugar na Volta da França de 2005. Ullrich se aposentou do ciclismo em 2007. O alemão não contestou a decisão do CAS, dizendo que no momento ele queria “pôr fim à questão”.

Vice-presidente do COI, Thomas Bach, que também dirige o Comitê Olímpico Alemão, disse que a confissão é “muito pouco, tarde demais”. “Jan Ullrich teve sua chance para a admissão alguns anos atrás e ele perdeu”, afirmou Bach em um comunicado. “A confirmação de hoje de alguns bem conhecidos e estabelecidos fatos já não ajudam Jan Ullrich nem o ciclismo”.

“Eu não prejudiquei ou fraudei ninguém”, disse Ullrich, de 39 anos, declarando que tomou decisões erradas durante sua carreira. “Quase todos tomaram substâncias que melhoram o desempenho. Eu não tomei nada que os outros também não tomaram”, afirmou. “Para mim, fraude começa quando você ganha uma vantagem. Esse não foi o caso. Eu queria garantir igualdade de oportunidades”, completou. “Eu só quero olhar para frente, e nunca mais para trás”.

A entrevista de Ullrich vem depois de Lance Armstrong admitir em janeiro que se dopou em todos os seus títulos da Volta da França, entre 1999 e 2005. Em três dessas ocasiões, Ullrich terminou em segundo. “Eu não sou melhor do que Armstrong, mas também não sou pior”, disse. “‘Os grandes heróis’ de anos anteriores são agora as pessoas com falhas que precisam chegar a um acordo”.

No início deste ano, Armstrong disse que o doping se tornou tão rotineiro que era “como dizer que tem que ter ar em nossos pneus ou água em nossas garrafas”. Questionado sobre o comentário, Ullrich seguiu outra linha. “Eu não consigo entender isso. Eu sempre soube que eu estava fazendo algo proibido e errado”.

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