Clubes lucrarão por ‘apenas’ 51 mil lugares do Maracanã

Dos 78.838 lugares do novo Maracanã, os clubes só terão direito à receita pela venda de 50,9 mil em dias de jogos. Com os outros 27,9 mil – os mais caros, com camarotes corporativos e “assentos premium”, por exemplo – quem vai lucrar é o consórcio Maracanã S.A., formado pela Odebrecht, a IMX de Eike Batista e a norte-americana AEG, que venceu a licitação e assinou na última terça-feira um contrato com o governo do Rio de Janeiro para concessão do estádio pelos próximos 35 anos.

Embora a assinatura não tenha sido divulgada pelo governo, o extrato do contrato foi publicado nesta quarta no Diário Oficial do Estado. O grupo de Eike e Odebrecht, que teve um só concorrente na licitação, vai pagar 34 parcelas anuais de R$ 5,5 milhões, corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), e investir R$ 594,2 milhões em obras no entorno do Maracanã, como a demolição do estádio de atletismo Célio de Barros e do parque aquático Julio Delamare e a construção de novos centros de treinamento. O grupo precisa, agora, assinar contrato com pelo menos dois dos quatro grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro.

A reportagem obteve, por meio da Lei de Acesso à Informação, as propostas técnica e econômica do consórcio Maracanã S.A.. O documento prevê que as “receitas advindas da venda de arquibancadas para jogos de futebol serão inteiramente do time mandante do jogo”. Mas a receita referente à comercialização dos “camarotes corporativos” (2.192 lugares), “camarotes frisa” (416), “assentos premium corporativos” (4.104), “assentos premium” (3.177) e “fã tickets” (18.000) será toda dos administradores do estádio.

Com as obras que terá de fazer no entorno do estádio, o consórcio prevê déficit de R$ 43,8 milhões ao fim de 2013. Depois de 2016, entretanto, só terá lucro: R$ 6,8 milhões em 2017, R$ 21 milhões em 2018, crescendo até atingir R$ 62,76 milhões em 2027. Nos 35 anos de concessão, o consórcio prevê lucro médio anual de R$ 47,6 milhões.

DE OURO – O torcedor que quiser ir de carro ao Maracanã terá de estar preparado para gastar muito dinheiro. Na proposta, o consórcio informa que pretende cobrar R$ 20 por hora em dias de jogos. Se um torcedor chegar meia hora antes da partida e for embora meia hora depois, gastará R$ 60 para deixar o carro nos novos estacionamentos, que só ficarão prontos em 2015. Nos dias sem eventos, o preço cairá para R$ 4 por hora.

Procurado, o consórcio informou que somente vai se pronunciar após assumir oficialmente a administração do Complexo Maracanã, o que só vai acontecer depois da Copa das Confederações.

Em 26 de maio, a reportagem revelou que o Maracanã vai passar por uma nova reforma depois da Copa de 2014. Não bastasse o R$ 1,12 bilhão de dinheiro público investido na reforma atual, a proposta técnica do consórcio de Eike e Odebrecht prevê novas obras, como a ampliação dos camarotes, implantação de um elevador e a instalação das bases para um palco atrás de um dos gols.

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