No dia do goleiro, ex-camisas 1 avaliam o cenário atual

Dizem que o goleiro é a posição mais ingrata do futebol. Que onde ele está, não nasce grama. E é sempre o mais cobrado quando o time sofre um gol ou sai derrotado. Talvez, por isso, eles tenham um dia só para eles. Hoje, é comemorado o dia do goleiro. A data festiva foi criada em 1976 e, desde então, é uma homenagem àqueles que, normalmente, jogam com as mãos por não terem a mesma qualidade com os pés.

No futebol paranaense, não foram poucos os que tiveram destaque nacional. O pioneiro foi Rei, ex-Coritiba, o primeiro goleiro paranaense a ser convocado para a Seleção Brasileira. Ele puxou a fila e abriu as portas para Caju, ex-Atlético, que também defendeu o escrete canarinho. Foram exemplos que motivaram outros paranaenses a serem goleiros. Mesmo que nunca tenham vestido a camisa de um time do Estado. Como Rogério Ceni, um dos maiores ídolos do São Paulo – maior goleiro-artilheiro do futebol mundial, com 111 gols -, e que nasceu em Pato Branco.

Para compensar, houve paulistas que brilharam com a mesma intensidade no futebol paranaense. Como Rafael Cammarota, que consagrou-se vestindo as camisas de Atlético e Coritiba. Reserva do Furacão (o titular era Roberto Costa) quando o clube foi 3.º lugar no Brasileirão, em 1983, e titular do Coritiba, no título nacional de 1985, o ex-jogador acredita que estes dois anos foram os mais marcantes nos seus quase 20 de carreira. “Foi 100% e muito satisfatório para mim. Dei tudo de mim no Coritiba, no Atlético e também no Grêmio Maringá, onde tudo começou. O título (estadual) que não conquistamos com o Atlético, em 1983, mas também o Campeonato Brasileiro com o Coritiba, em 1985, foram incríveis”, declarou.

Muralhas negras

Outro campeão brasileiro pelo Coxa, e que também chegou à Seleção Brasileira foi o catarinense Jairo. O ex-camisa 1, que ainda reside em Curitiba, onde tem três escolinhas de futebol, se consagrou com a camisa alviverde, faturando nada menos do que dez títulos (seis estaduais, um Brasileirão, uma Fita Azul, um Torneio do Povo, além de um torneio na Costa do Marfim). “Eu fiquei uma década no Coritiba, e depois fiquei dois anos sendo preparador de goleiros lá. Nesses dez anos como jogador, consegui dez títulos. Tive vários momentos muito bons. O Torneio do Povo foi muito importante e depois veio o Brasileiro”, recordou Jairo, que ficou 933 minutos sem sofrer um gol -recorde do clube.

Por ser negro, Jairo quebrou preconceitos como goleiro. Assim como Flávio, que ao assumir o gol do Atlético, em 1998, parecia que não duraria muito, tendo a sombra de Ricardo Pinto. Não foi o que aconteceu. O jogador vestiu a camisa 1 do Furacão por cinco anos – só Caju ficou mais tempo -, foi campeão brasileiro e teve quatro conquistas de estaduais (1998, 2000, 2001 e 2002) além do título paranaense de 2006, pelo Paraná Clube. Hoje, aos 42 anos, é um dos jogadores mais velho em atividade no Brasil e, atualmente, defende o CSA, de Alagoas, seu Estado natal.

Quem também fez história no Atlético foi Altevir. Goleiro do Rubro-Negro nos anos 1970, o curitibano detém, até hoje, a maior invencibilidade do Campeonato Paranaense: 11 jogos sem sofrer gols, em 1977. “Eu vejo como algo importante, por que a gente acaba sendo sempre lembrado por isso. Ainda mais por ser um recorde longo. Até tiveram goleiros que conseguiram uma boa série de invencibilidade, mas não me alcançaram”, afirmou ele, cujo filho, Chistopher, segue seus passos: é preparador de goleiros.

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