Tricolor espera, finalmente, lucrar negociando jogadores

Na semana passada, a Atletas Brasileiros S/A deu o primeiro passo para, enfim, ingressar no mercado. Foram colocados à venda os primeiros lotes de ações, apenas para pessoas ligadas ao Paraná Clube (dirigentes, conselheiros, funcionários ou colaboradores). A previsão é que dentro de no máximo um mês a empresa já participe do primeiro pregão na bolsa de valores.

O que isso representa na vida financeira do Tricolor? Para os dirigentes, este é o futuro do mercado, que já opera desta forma no exterior, onde praticamente todos os clubes são empresas de capital aberto. “No Brasil, já foram feitas algumas tentativas, sem sucesso. Porém, nosso modelo é diferente. O Paraná, numa parceria com a Templars Trust Inverstimentos Ltda., adquiriu ações de uma empresa zero quilômetro e, assim, pode avançar diretamente no mercado de ações”, explica o superintendente do clube, Celso Bittencourt. “Normalmente, se um clube quisesse partir para uma ação como esta, sem uma empresa já constituída, levaria de quatro a cinco anos para superar os obstáculos burocráticos e legais”, completa.

O Paraná Clube, para a “aquisição” da Atletas Brasileiros -da qual passou a ser acionista majoritário, com 67% das ações -cedeu os direitos econômicos de 59 atletas. Entre eles, revelações como Alex Alves e Luisinho, além das contratações feitas nesta temporada, como o meio-campo Rubinho. Até mesmo jogadores que chegaram por intermédio de empresários – como o atacante Ronaldo, hoje no Guarani – integram o “capital” da empresa. O Paraná, na condição de acionista-controlador, indicou a composição da diretoria da empresa.

Transparência

O advogado Juliano Tetto assume a posição de presidente da Atletas Brasileiros S/A, tendo Tales de Sodré e Macedo como vice-presidente, Aryon Cortiano como diretor financeiro, Alex Brasil como diretor de operações e Alexandre Ajambuja como diretor de relações com investidores. Esta diretoria é eleita pelo conselho administrativo, com nove integrantes, dos quais seis foram indicados pelo Paraná Clube. “Primamos pela transparência. Qualquer negociação envolvendo nossos jogadores, a partir deste momento, terá que ter a anuência dos dois presidentes, do clube e da empresa”, disse Bittencourt.

Para o superintendente, os valores explicitados no site da Atletas Brasileiros não são, obrigatoriamente, definitivos para uma negociação. “Há o valor da rescisão, este, oficial, por força de contrato (calculado com base no salário do jogador). Já o valor de venda é uma estimativa, um valor projetado”, comentou Bittencourt.

Esta era uma necessidade, em se tratando de uma empresa de capital aberto. “Quando houver uma negociação, os percentuais dos direitos econômicos que pertencem ao Paraná vão para a Atletas Brasileiros. A empresa, então, decide se os dividendos serão repassados aos acionistas ou se serão reinvestidos na empresa e na aquisição de outros atletas”, explicou Bittencourt.