Previsões de ídolo

Paulo Rink diz que censura prejudica qualquer time

Craque do Atlético nos anos 1990, e depois dirigente do clube, Paulo Rink agora está em uma nova fase: a vida política. Eleito vereador por Curitiba, com 5.625 votos, o ex-atacante mostra que não está para brincadeira. Presidente da comissão para assuntos da Copa, Rink vigia as obras da Arena da Baixada e quer esclarecimentos. Em entrevista exclusiva ao Paraná Online, o vereador não poupa críticas à forma como a CAP S/A está gerindo a construção e como Mário Celso Petraglia vem presidindo o Atlético.

O fato de o Atlético tocar as obras da Arena por conta própria pode trazer problemas financeiros para o clube no futuro?

Acho que pode prejudicar um pouco a estrutura do clube, sim. Porque estão penhorando o CT, a Arena, e por isso tem que se controlar esta verba. O clube tem que ficar com benefícios, não prejuízos. É preciso fazer a melhoria, mas desde que seja pagável, e não que leve para o buraco. Se for mal tocado, vejo o Atlético, mesmo com uma Arena nova, endividado. O sócio atleticano tem que controlar isto também. Quando eu era diretor, o Atlético não devia nada e tinha até saldo em caixa. Por isso a importância do controle, que cabe ao conselho do clube, que tem que estar muito ativo e se fazer presente nesta situação. O presidente tem o poder, mas o conselho é soberano.

 

Por que o Atlético está tão fechado assim?

Como eu vou responder isso se eu não tenho a informação? É, no mínimo, estranho. Quem tem a informação tem que divulgá-la. A minha primeira etapa é conseguir ter acesso a essas informações. Inibi-las atiça mais a imprensa, o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Se você começa a esconder informações, deve ter algum motivo. Se você é transparente, você está de peito aberto e sem colete a prova de balas. O estádio é o ponto fundamental para a nossa cidade, e como a verba pública está presente tem que ser controlado como obra pública, mesmo tendo participação particular.

O atraso nas obras preocupa de alguma maneira?

Como que vou saber se está atrasada, se não posso entrar nas obras? A única coisa que eu sei, contratualmente, é que a Arena precisa ser entregue no dia 30 de dezembro, de forma estrutural, que é a parte física pronta. Os acabamentos podem ser feitos depois deste prazo.

E se não ficar pronto até o dia 30 de dezembro?

Vai ser um caos total.

O fato de as mensalidades dos sócios aumentarem em virtude da nova Arena não vai afastar alguns torcedores do estádio, uma vez que as arquibancadas estarão “elitizadas”?

Eu defendo a questão da mensalidade. Eu mesmo tenho cinco cadeiras na Arena, desde 2006. É difícil para a população. O Atlético tem muitos torcedores de renda baixa, que batalham pelo seu dinheiro, mas é inevitável. O futebol está sendo elitizado e aqui ainda está mais barato que em outros lugares. E você paga um valor para vários jogos por mês. Talvez o ideal fosse o Atlético pensar em um telão na praça, em jogos fora de casa. Porém, para aumentar o valor, tem que melhorar o espetáculo.

Deixando um pouco a Copa do Mundo de lado, você, como torcedor e ex-jogador do Atlético, avalia de que forma o fato de o time principal ter feito sua estreia apenas esta semana?

Horrível. Eu já teria colocado no Atletiba o time principal. Primeiro que para o jogador é ruim, fica sem ritmo de jogo. Ganhou do Brasil de Pelotas, fez um jogo razoável, por que o adversário não era dos mais difíceis. Mas faltou o ritmo para fazer o gol. Mesmo que o Paranaense não tenha a imagem que merecia ter, a ,rivalidade local é tão grande que o pessoal critica mais uma derrota em Atletiba do que em uma final da Copa do Brasil ou da Libertadores.

Se você ainda fosse jogador e passasse por uma situação dessas, como se sentiria?

Eu como profissional nunca treinei como joguei. Ainda bem que eu não estou nesta situação do jogador, porque eu seria totalmente contra. Eu ficaria louco, ia pedir pra jogar a suburbana. Eu nunca fui leão de treino, porque a hora do jogador se mostrar é nas decisões. Sempre treinei mais leve, me prevenindo de lesões, para que no jogo eu quebrasse o nariz e continuasse jogando. No jogo você se doa muito mais. Por isso eu discordo desta tática. Treinando, não tem a pressão da torcida e a adrenalina do adversário te desconcentrando.

Você, como ídolo da torcida rubro-negra, e com uma forte ligação com o Furacão, além da experiência que tem como dirigente e político, pensa no futuro em se candidatar a presidente do Atlético?

Eu estou aprendendo a ser vereador. Aprendi a ser jogador, depois diretor do Atlético e, como todo mundo, tive erros e acertos. Isso é questão do futuro. Hoje me concentro para fazer bem o papel a que me comprometi. O futuro a Deus pertence e vamos ver o que acontece.