Guerra da cerveja

Alep libera bebidas alcoólicas durante Mundial

A Assembleia Legislativa do Paraná aprovou, ontem, em segunda discussão, a liberação de venda de bebidas alcoólicas na Arena da Baixada durante os quatro jogos que serão realizados no estádio na Copa do Mundo de 2014. Por 31 votos a favor, contra 11 contrários, ficou decidido que poderão ser comercializadas as bebidas para maiores de 18 anos, conforme exigência da Fifa.

Porém, a aprovação não significa que a lei entrará em vigor. Existe um projeto de lei municipal, de autoria do vereador Tico Kuzma, que proíbe a venda de bebidas nos estádios de Curitiba, mesmo durante a Copa do Mundo, o que bateria de frente com a aprovação da Assembleia.

O projeto ainda depende de uma aprovação por parte da comissão de educação, cultura e turismo, da Câmara Municipal de Curitiba, o que deve acontecer até a próxima sexta-feira. Se aprovada, pode ser que até semana que vem vire pauta para votação dos vereadores.

Com as duas leis aprovadas, Kuzma acredita que deve prevalecer a lei municipal, uma vez que é de interesse do cidadão curitibano. “Se enquadra como a lei antifumo. Deve prevalecer a lei que garante a constituição dos direitos fundamentais. Ficou provado que a proibição das bebidas ajudou a diminuir a violência. Além disso, porque só liberar para os turistas e não para os curitibanos? Isto vai contra a constituição. A Câmara Municipal é que é o lugar para se decidir essa questão, porque é de interesso do município”, afirmou o vereador.

Tico também não acredita que, caso a lei municipal prevaleça, possa fazer Curitiba entrar em atrito com a Fifa e com um dos patrocinadores da Copa – a Anheuser-Busch InBev, detentora da marca Budweiser. “Vamos discutir tudo, os benefícios e os malefícios da aprovação da lei. Queremos conversar com a Fifa e com o patrocinador e vamos pedir uma carta de intenções. Não adianta só relacionar álcool com futebol, é preciso que traga benefícios para a cidade também”, completou ele.

Vale lembrar que desde 2008 é proibida a venda de bebidas alcoólicas nos estádios em todo o Paraná e em suas proximidades. Além disso, pessoas que estiverem embriagadas ou nitidamente alteradas por conta do álcool podem ser impedidades de entrar nos estádios. Esta última determinação já foi retirada do Estatuto do Torcedor pelo Congresso Nacional e entrará em vigor durante a Copa do Mundo.

Ingressos

O projeto de lei aprovado ontem na Assembleia também prevê que não haverá gratuidade de acesso aos jogos e nem mesmo o meio-ingresso para estudantes, idosos e professores durante o Mundial, ao contrário do que é adotado em lei no Brasil. O projeto ainda depende de uma aprovação em terceira discussão e redação final, para que depois seja sancionado pelo governador Beto Richa.

Fifa fica com todo lucro

O interesse econômico da Fifa é o principal empecilho para que qualquer lei que impeça a venda de bebidas alcoólicas nos estádios seja colocada em vigor durante a Copa do Mundo. Em 2011, a entidade máxima do futebol mundial renovou contrato com o grupo belga-brasileiro Anheuser-Busch InBev até o Mundial de 2022, que será realizado no Catar. Os valores que o patrocinador paga para estampar a marca da cerveja americana Budweiser nos estádios e em comerciais gira em torno de 25 milhões de dólares (cerca de R$ 50,5 milhões).

Na Copa do Mundo de 2010, realizada na África do Sul, a Fifa lucrou R$ 2,2 bilhões só com patrocinadores. O lucro líquido total, juntando direitos de transmissão, direitos de marketing e venda de ingressos, chegou a R$ 4,7 bilhões. Para 2014, A entidade contará com 14 patrocinadores, sendo que 13 j&aa,cute; estão fechados, além de seis parceiros que aparecem em todos os eventos reaizados pela Fifa. Vale ressaltar que a Fifa não tem nenhuma despesa com impostos, obras nos estádios, nas cidades e hospedagens.