Corrida contra o tempo

Por promessa, Baixada seria entregue amanhã

Se cumprisse o que prometeu no ano passado, o presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, estaria, amanhã, entregando a nova Arena da Baixada aos atleticanos, quando o clube completa 89 anos de fundação. O dirigente chegou a revelar que faria uma “festa de polaco” aos rubro-negros, a qual duraria até sexta-feira – aniversário da cidade de Curitiba. Promessas à parte, o estádio atleticano está longe de ser concluído. Pior: corre contra o tempo para resolver os empecilhos que cercam sua remodelação para a Copa do Mundo, já que a Fifa, na semana passada, deu um ultimato, exigindo que as obras para o Mundial fiquem prontas, no máximo, até 31 de dezembro deste ano.

No início de abril do ano passado, quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento de R$ 131,1 milhões, em um acordo tripartite envolvendo CAP S/A -empresa criada para gerir as obras da Arena da Baixada -, o governo do Estado e a Prefeitura de Curitiba, Petraglia foi taxativo e, sem pestanejar, prometeu que entregaria a casa atleticana de volta ao torcedor rubro-negro no final deste mês. “Ficamos ainda mais confiantes e seguros em dizer de que entre os dias 26 e 29 de março de 2013 (durante a programação de comemoração dos aniversários do CAP e de Curitiba) vivenciaremos com grandes festejos e muita alegria a reabertura da Arena da Baixada nas condições e exigências do caderno de encargos da Fifa para recebermos os jogos tanto da Copa das Confederações, caso seja possível, e da Copa do Mundo de 2014”, afirmou o presidente atleticano, em nota publica no site oficial no dia 8 de abril de 2012.

Na teoria, tudo perfeito. Mas na prática, nada andou do jeito que esperava o presidente do Atlético. Depois de aprovado o financiamento, Petraglia disse na época que a primeira parcela seria liberada em no máximo 60 dias. Foi o primeiro erro. A primeira remessa do BNDES, e única até agora – no valor de R$ 26,2 milhões (correspondente a 20% do total do financiamento) – só caiu nos cofres da CAP S/A no início deste ano. Outros equívocos se sucederam. Entre eles, o salto no orçamento para a remodelação do estádio, que chegou a R$ 220 milhões, além de denúncias de beneficiamento de parentes do dirigente nas obras da Arena da Baixada. Houve ainda a discussão do uso e do aumento do potencial construtivo a ser dado como garantia pela Prefeitura de Curitiba para viabilizar o financiamento. Tudo isso freou o andamento da remodelação do Joaquim Américo, resultando no atraso de pagamento a algumas empresas prestadoras de serviços às obras da Arena.

Nem junho nem agosto

O aumento dos títulos do potencial construtivo foi aprovado aos 45 do 2.º tempo da gestão do ex-prefeito Luciano Ducci, que curiosamente, no meio do ano passado, havia indeferido o mesmo pedido. Com o aumento aprovado, o BNDES liberou somente na primeira quinzena de janeiro a primeira parcela do financiamento. Mas engana-se quem pensa que este seria o start para que, finalmente, as obras no estádio atleticano pudessem evoluir significativamente.

A preocupação atual dos gestores das obras do estádio atleticano está nos terrenos vizinhos à Arena da Baixada, que ainda não foram desapropriados. Esse entrave deve ir longe, já que os moradores – a maioria deles há mais de 50 anos no local -, não querem deixar para trás uma parte da história de suas vidas por causa de quatro jogos da Copa do Mundo. “Minha mãe mora aqui desde que nasceu. Eles querem acabar com a história de uma família por causa de quatro partidas. É um absurdo”, protesta o economista Mário Beatriz Júnior, filho de uma das proprietárias que brigam na Justiça para permanecer no local.

Além da promessa que a Arena da Baixada estaria pronta no aniversário do clube, o prazo estipulado já mudou outras duas vezes. Os gestores da remodelação do estádio, atleticano garantiram, depois, que o estádio seria entregue em junho e, em nova mudança, para agosto. Agora, irremediavelmente, a Arena da Baixada terá que estar pronta em 31 de dezembro deste ano. Petraglia, desta vez, não faz nenhuma promessa.