Rio quer força-tarefa para acabar obras no Maracanã

O Maracanã corre sério risco de não ficar completamente pronto para a Copa das Confederações. Existe o temor entre os responsáveis pelas obras de adequação do estádio para essa competição e para a Copa do Mundo de 2014 de que a reforma não esteja 100% finalizada até o fim de abril, o “limite do limite” estabelecido pela Fifa no fim de 2012.

Os engenheiros do consórcio que toca a reforma, formado pelas construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, já admitem internamente a possibilidade de que os trabalhos terão de ser interrompidos para a disputa da Copa das Confederações e, terminado o torneio, retomados para que, aí sim, sejam efetivamente concluídos. O primeiro jogo da competição no Maracanã será em 16 de junho, entre México e Itália. A Fifa assume a gestão do estádio em 24 de maio.

O receio de que o prazo de abril para o término das intervenções não seja suficiente é tamanho que as empresas que compõem o consórcio estão remanejando operários de outras obras em uma tentativa de acelerar ao máximo os serviços, segundo apurou a reportagem. Funcionários que trabalham na construção da linha quatro do metrô, que vai ligar a zona sul à Barra da Tijuca – parte do projeto carioca para os Jogos Rio 2016 -, começam a ser deslocados para o Maracanã.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Obras, com o Consórcio Maracanã 2014 e com a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio (Emop). Todos, por meio de suas assessorias, garantiram que o Maracanã será repassado à Fifa com 100% de conclusão, incluindo as intervenções intramuros, cuja licitação foi vencida também pela Odebrecht, na semana passada.

No entanto, a Emop disse que não vai mais divulgar parciais de conclusão (a última indicava 80% ao fim de dezembro). Disse ainda que não iria se manifestar “sobre suposições e hipóteses. As obras vão terminar em abril e em 24 de abril haverá o primeiro evento-teste”. Anteriormente, porém, quando apresentada a possibilidade de que o ritmo atual de trabalho seria insuficiente para a finalização total da obra, a Emop disse apenas que o Maracanã seria entregue “em condições” de receber os jogos da Copa das Confederações. E que “o importante é que vamos entregar o estádio para a Fifa”.

Desde o início da reforma, no segundo semestre de 2010, o Maracanã sofre com sucessivos atrasos no cronograma. Àquela época, prometia-se a reformulada arena para dezembro de 2012, prazo inicial estipulado pela Fifa. Mas, em março de 2011, o consórcio informou que toda a marquise do Maracanã e sua estrutura estavam seriamente comprometidas, o que exigiria uma adaptação do projeto inicial para a nova cobertura.

Tal obstáculo, além de atrasar consideravelmente o cronograma, elevou o orçamento estipulado em R$ 704 milhões para quase R$ 1 bilhão. Uma posterior análise do Tribunal de Contas da União constatou sobrepreço de cerca de R$ 97 milhões e o custo total foi reduzido para pouco menos de R$ 860 milhões.

Com o problema, o novo prazo de entrega foi marcado para fevereiro de 2013. No fim de maio do ano passado, o presidente da Emop, o engenheiro Ícaro Moreno, disse que o limite era “apertado” e seria necessário “correr muito”, mas reafirmava que as chaves seriam entregues no último dia deste mês.

Na mesma entrevista, Moreno estipulou que o levantamento da estrutura que dará sustentação à nova cobertura seria feito em outubro. Tal estágio está sendo finalizado neste momento. E a instalação da lona que protegerá 76 mil dos 79 mil assentos ainda não começou. Deveria estar concluída em novembro, ainda segundo a estimativa de Moreno em fins de maio de 2012.

Na coletiva de apresentação do pôster oficial da Copa de 2014, na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse estar “confiante de que todos os estádios serão entregues até abril”. O presidente do Comitê Organizador Local (COL), José Maria Marin, disse: “A informação que nós temos é que os prazos serão cumpridos. Já agendamos o jogo com a Inglaterra no dia 2 de junho. Não iríamos correr o risco de chamar a Inglaterra e o Maracanã não estar pronto”.

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