Jogadores do Paraná fazem “greve solidária”

A aparente serenidade durou pouco. O Paraná Clube voltou ao “estado de greve”, ontem, diante do não cumprimento das promessas feitas na semana passada. O treinamento foi cancelado e a diretoria terá apenas dois dias para apagar o novo incêndio e garantir a mobilização necessária para o clássico de sábado, frente ao Atlético. Os débitos com os atletas foram quitados, mas as pendências com os funcionários ainda existem. Resultado: descontentamento geral e nada de treino.

Na semana passada, os jogadores “cruzaram os braços” por dois dias. Pressionada, a diretoria propôs quitar os salários de setembro na sexta-feira e o de outubro até ontem. Em relação aos atletas, nenhuma reclamação. Porém, o mesmo tratamento não foi dado aos funcionários. Somente ontem eles teriam recebido os cheques referentes ao mês de setembro. Diante de nova reação dos jogadores, em solidariedade aos funcionários, a promessa, agora, é saldar os débitos de outubro até amanhã. “Estamos trabalhando muito para colocar tudo em dia. Mas não é uma engenharia tão fácil”, admite o superintendente Celso Bittencourt, antes mesmo de saber do cancelamento das atividades.

 

Fato consumado, nenhum dirigente se manifestou. Um triste “repeteco” de uma história cansativa e que só mancha a imagem do clube. Nos bastidores, é possível sentir a frustração de alguns profissionais do departamento de futebol, sem conseguir enxergar perspectivas de mudança em curto prazo. O novo “imprevisto” vai contra tudo aquilo que a diretoria apregoava.

 

Na segunda-feira, durante a assinatura do contrato para o arrendamento do salão nobre da Kennedy, o presidente Rubens Bohlen comentou “o quanto doía” não ter condições de pagar salários em dia. Naquele momento, falou-se que o clube não voltaria a segmentar os pagamentos, como fizera no passado. “Ou recebe todo mundo ou não recebe ninguém”, disse o segundo vice Luiz Carlos Casagrande.

Nos últimos anos, reclamações e paralisações já não são novidade no Paraná. Uma situação que deixa os atuais integrantes do departamento de futebol apreensivos. Mesmo reconhecendo o esforço dos dirigentes, todos veem que não há dinheiro. Isso traz preocupação com o futuro. Na prática, o calendário esportivo se encerra no sábado, o que gera a desconfiança de que muitos poderão ser liberados para as férias “de bolsos vazios”.

A nova “greve” acaba sendo um duro choque de realidade para o sofrido torcedor paranista, que ainda alimenta o sonho de ver seu time vencendo o clássico. O Paraná, para fechar o ano com vitória, terá que resolver primeiro seus próprios dilemas. Encontrar recursos para zerar a conta e, desta forma, reconquistar a confiança nessa difícil relação empregado-empregador.