Karatê pode entrar nos Jogos Olímpicos de 2016

O Karatê paranaense vem passando por um momento de conquistas e expectativas. O cenário atual apresenta a possibilidade de aparição em demonstração nas próximas Olimpíadas, otimismo com a perspectiva de nova forma de gerenciamento da confederação nacional e novos passos por inclusão definitiva nos Jogos Abertos do Paraná.

Nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, o Karatê estará presente apenas como modalidade demonstrativa. A primeira conquista foi o reconhecimento da arte marcial pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Situação comemorada pelos adeptos de uma modalidade que ao longo dos anos vem passando por atualizações em suas regras para seguir em busca de confirmação efetiva.

Entre os paranaenses cotados a participar das apresentações nas Olimpíadas está Rogério Hemerik, que compete na categoria adulta por Araucária. “Acredito que temos boas chances, mas vamos nos preparar pra isso”, ressalta o atleta, que estará entre os sete representantes brasileiros do Karatê masculino com índice de participação no Mundial da modalidade, em novembro, em Paris. Outras seis mulheres farão parte da delegação feminina do país.

O atleta, que é treinado pelo professor João Carlin Ferreira Padilha, comenta que parcela do bom desempenho está ligada ao sistema de incentivo ao esporte idealizado pela prefeitura de Araucária, inclusive auxiliando no custeio de viagens. Ainda assim, de acordo com o presidente da Federação Paranaense de Karatê, Aldo Lubes, diversos outros municípios ainda encontram um panorama de pouco investimento voltado ao Karatê. Por isso, o dirigente vê com otimismo uma situação paliativa que pode ocorrer a partir do próximo ano.

Eleições

Em 2013 serão realizadas eleições na Confederação Brasileira de Karatê, havendo a perspectiva que, após pouco mais de dez anos, haja o retorno das competições divididas em cinco regiões pelo país. Apenas depois uma final incluindo atletas com os principais resultados das seletivas. No momento, Aldo explica que as competições têm ocorrido de forma centralizada em um determinado local.

Ex-coordenador técnico da Confederação Brasileira de Karatê, Aldo Lubes ressalta que a regionalização visa diminuir os custos de atletas e delegações, abrindo espaço pela nova possibilidade de fortalecimento da modalidade no país. “Pessoas boas para treinos e atletas nós temos muito. (O melhor desempenho) é mais uma questão de gerenciamento”, afirma, lembrando que no continente o Brasil está perdendo posto para a Venezuela, nação que mais tem se destacado em competições no continente.

Ao menos no cenário local, karatecas garantem que a modalidade obteve conquistas em relação ao calendário. Esse ano, a arte marcial fez parte dos Jogos Abertos do Paraná, ocorridos em Maringá. “É a vitrine pras Olimpíadas”, declara Aldo Lubes. O dirigente lembra, porém, que a inclusão definitiva depende de cinco participações alternadas (são duas no total) ou três consecutivas (a de 2012 é a primeira). “Necessitamos que os municípios se manifestem”, solicita.

Reduto do Karatê paranaense

Divulgação
No dia mundial do Karatê, atletas se apresentaram no Museu do Olho.

Em uma sala comercial na Galeria Ritz, no centro de Curitiba, estão as dependências que preservam boa parcela da tradição do Karatê paranaense. No reduto da arte marcial idealizado pelo Sensei Aldo Lubes, cerca de uma centena de atletas se tornaram faixas pretas da modalidade, em local, que ainda acumula o funcionamento da principal entidade estadual dessa arte marcial.

Fundada por Aldo em 1965, a academia Kodokan funciona desde 1972 na galeria. Mesmo ano em que o karateca organizou e também participou do primeiro campeonato estadual realizado no Paraná. “Havia pessoas de Maringá, Londrina, Curitiba…era muita gente. Mesmo capoeiristas e lutadores de Telecatch também competiram. Porém, era mais na base da bordoada. Não tinham técnica”, recorda.

No local onde organiza parte das situações da federação estadual que ajudou a criar, o karateca recorda de um dos principais elogios que recebeu em sua trajetória. Na época do primeiro estadual ainda não haviam árbitros formados no Paraná. Por isso, três japoneses, entre eles Juichi Sagara, que depois se tornou professor de Lubes, encararam de fusca a estrada do Rio de Janeiro até a capital paranaense. Após vencer o torneio, Aldo ouviu de um dos juízes uma frase que marcou sua trajetória: “Você é quase um japonês”.

Aldo não tem olhos puxados. Veio com 20 anos de Turim, na Itália, para o Brasil. Hoje, aos 73 anos se tornou um dos karatecas de maior graduação em atividade do país e pretende alcançar o 9.º dan em 2013. No Karatê, já formou 140 faixas pretas, foi coordenador técnico da Confederação Brasileira de Karatê entre 1992 e 96 e recebeu uma série de homenagens, entre elas uma do Comitê Olímpico Internacional e de atleta do ano, em 1974, pelo jornal Tribuna do Paraná. Também foi professor de judô, modalidade em que chegou a graduar alunos como o poeta Paulo Leminski.

K-Day

Karatecas organizaram no domingo (7) apresentações em cidades do mundo inteiro celebrações para comemorar o K-day. “Vai ter uma força muito grande para sensibilizar o COI (Comitê Olímpico Internacional)”, enfatiza Aldo Lubes, organizador do evento em Curitiba.