Jogador camaronês morre durante jogo

Camarões obteve ontem a vitória mais triste de sua história. O time africano derrotou a Colômbia por 1 a 0, em Lyon, na semifinal da Copa das Confederações, mas deixou o Estádio Gerland chorando a morte de Marc-Vivien Foe. O meia, de 28 anos, se sentiu mal aos 27 minutos do segundo tempo e não reagiu às tentativas de reanimação. A partida prosseguiu e os jogadores foram informados a respeito do destino do companheiro apenas quando voltaram para os vestiários. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, lamentou a tragédia, porém emendou que “o futebol tem de continuar”.

O drama de Foe aparentemente não teve relação com lances de jogo. Minutos antes de cair no meio do campo, sem ter sido tocado por ninguém, havia cabeceado bola na área rival. O primeiro a notar que se passava algo grave foi Patiño. O zagueiro colombiano estava a dois passos do camaronês e chamou a atenção do árbitro e dos demais jogadores. A maca demorou alguns minutos para entrar, enquanto o meia era assistido pelos médicos dos dois times.

Foe caiu de costas. Ao ser virado, tinha a respiração suspensa e os olhos esbugalhados. Quando era levado para fora do gramado, os braços pendiam, sem movimento. Logo se constatou que não seria possível nem levá-lo para o hospital mais próximo. Durante 45 minutos, foram feitos procedimentos para reanimá-lo.

“Tenho o dever de dar-lhes uma notícia triste”, avisou aos jornalistas Alfred Muller, médico suíço a serviço da Fifa. “Uma notícia ruim para o mundo do futebol, para a família de Foe e para seus amigos. Ele foi levado para a unidade de primeiros socorros, mas seu coração não resistiu.”

A reação dos jogadores e de jornalistas camaroneses foi de desespero. O presidente da federação de futebol de Camarões, Yia Mohammed, chegou a insinuar que sua seleção não entraria em campo, no domingo, enquanto não fossem esclarecidas as causas da morte. Mas, depois, voltou atrás e a seleção deve disputar o título com a França.

A ocorrência de aneurisma-ruptura de veia no cérebro foi a hipótese inicial, embora não oficial, já que o corpo foi levado para autópsia. O médico da Colômbia, Hector Cruz, comentou que jogar partidas em curto espaço de tempo, como tem ocorrido na Copa das Confederações é “antifisiológico”, mas não determinante para provocar casos mais fatais. “O esforço e o calor podem agravar males pré-existentes”, ponderou o especialista.

A comoção foi geral, tanto em Lyon como em Paris. Blatter acompanhou a partida pela televisão e se disse chocado quando viu o jogador cair com os olhos arregalados. “É a primeira vez que algo semelhante acontece em competições promovidas pela Fifa”, ponderou o dirigente. Ao mesmo tempo, não admitiu a hipótese de suspensão da final do torneio.

Jornalistas camaroneses entraram em contato com seu país e afirmaram que a notícia provocou consternação nacional. O equivalente, para os brasileiros, à morte de Ayrton Senna, em 1.º de maio de 1994.

Há pelo menos uma coincidência entre os dois ídolos do esporte. Foe nasceu em 1.º de maio de 1975 e começou no Canon Yaoundé. Em 94, foi comprado pelo Lens, onde ficou até 99. Depois, foi para o West Ham e, em 2000, voltou para a França, para defender o Lyon, equipe com a qual conquistou o título de 2002, ao lado dos brasileiros Edmílson, Juninho Pernambucano, Caçapa e Anderson. Na temporada 2002-03, foi emprestado ao Manchester City, da Inglaterra.

O meia disputou 60 jogos pela seleção de Camarões e não participou do mundial de 98 porque sofreu contusão na perna. No ano passado, no entanto, foi titular da equipe na Copa na Ásia.

Sem revanche

Quando Foe teve de ser retirado de campo, Camarões já vencia por 1 a 0, gol de Ndiefi aos 9 minutos do primeiro tempo, em rápida jogada de ataque. Aos 24 da etapa final, o árbitro alemão Markus Merk havia expulsado o camaronês Tchato. Os colombianos tiveram várias chances para empatar no fim, houve em seguida duas bolas na trave do goleiro Kameni, mas não conseguiram devolver a derrota por 2 a 1 que, em 1990, os eliminou nas oitavas-de-final do mundial disputado na Itália.

Seleção deve entrar em campo Domingo

AE

Dirigentes e jogadores da seleção de Camarões chegaram a admitir a possibilidade de não disputar a final da Copa das Confederações, marcada para domingo. Mas depois, reviram sua posição e Camarões deve entrar em campo para enfrentar a França na disputa pelo título.

Mesmo assim, a delegação africana disse que vai aguardar informações dos médicos sobre a causa da morte do meio-campista Marc-Vivien Foe, durante a partida contra a Colômbia. Foe sofreu parada cardíaca aos 27 minutos do segundo tempo da partida entre Camarões e Colômbia, pelas semifinais da Copa das Confederações. Ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e morreu.

“Este é um dia muito triste para Camarões. Foe era um jogador muito importante para o time e muito querido pelos colegas. Era uma grande pessoa e morreu como uma grande pessoa. Infelizmente estava marcado para morrer hoje”, disse o diretor da Federação Camaronesa de Futebol, Iya Mohammed Seidu.

“Neste momento, queremos apenas conhecer as causas da morte. Não tomamos nenhuma decisão até agora sobre se vamos ou não jogar”, acrescentou o dirigente. Segundo fontes camaronesas, o país pode responsabilizar a Fifa pela morte de Foe, se ficar comprovado que o intervalo entre um jogo e outro foi muito curto e isto poderia exigir muito do atleta.

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