Audiência pública discute Copa 2014 em Curitiba

Desde 2007, o Brasil está confirmado como sede da Copa do Mundo de 2014. Há mais de um ano, em maio de 2009, Curitiba foi escolhida como uma das cidades que receberão os jogos do Mundial.

Mas apenas agora partidos políticos, sindicatos, ONGs e outras instituições parecem ter percebido que a cidade está prestes a receber um dos maiores eventos do planeta.

Essa foi a impressão que ficou ao final da audiência pública realizada ontem, na Câmara Municipal. A reunião serviu para vereadores, líderes sindicais e entidades apresentarem dúvidas, reivindicações e sugestões sobre a realização da Copa na cidade.

Não faltaram ideias interessantes, dúvidas pertinentes, questionamentos importantes. Falou-se sobre impactos socioeconômicos e ambientais, geração de empregos e estímulo ao setor turístico, reflexos no campo jurídico, a questão das drogas e dos moradores de rua. Além, é claro, da polêmica sobre a escolha da Arena da Baixada para receber os jogos.

“Queremos garantir que a sociedade tenha um espaço de participação e de questionamentos sobre tudo o que é relacionado à Copa”, explica o vereador Pedro Paulo, da bancada do PT, que promoveu a audiência pública.

A legalidade da cessão de títulos de potencial construtivo ao Atlético, como forma de financiar a conclusão da Arena, foi bastante questionada. Assim como a possibilidade de um plano alternativo, com a construção de um estádio público no Pinheirão e ou na Vila Capanema.

No final, foi proposta ao governo e à prefeitura a realização de “um estudo, envolvendo todos os órgãos públicos e a iniciativa privada”. Tudo será incluído em um documento, que será enviado à prefeitura e ao governo do Estado.

Tempo perdido

Ninguém questionou a importância do debate com a sociedade. O que parece estranho e inusitado é o momento de promovê-lo. Afinal, os prazos exigidos pela Fifa para a apresentação das garantias financeiras sobre os estádios está praticamente esgotado e as obras já começam a sair do papel em várias cidades, como Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

“Já faz anos que se fala de Copa em Curitiba. Deixaram o tempo passar. Vim aqui por respeito a essa casa e pelas entidades representadas. Mas discutir isso em cima da hora não é produtivo e pode atrapalhar um processo que está praticamente concluído”, criticou o secretário especial para assuntos da Copa do Mundo, Algaci Túlio.

Algaci representou o governo do Estado na audiência. A prefeitura de Curitiba e o Atlético não enviaram representantes. A assinatura do termo de ajuste de conduta entre as três partes, com os detalhes sobre o uso do potencial construtivo e do Fundo de Desenvolvimento do Estado (FDE) nas obras da Arena ficou para depois do feriadão.