Eterno ídolo do Atlético e Fluminense, Washington o camisa 9 do casal 20 que fez história no futebol brasileiro na década de 80 ao lado de Assis recebeu ontem mais uma importante ajuda para continuar a sua luta pela vida.
O ex-atacante sofre de Esclerose Lateral Amiotrófica, mais conhecida por ELA, doença que degenera os neurônios motores no cérebro e na medula espinhal e, progressivamente faz com que a pessoa perca os movimentos do corpo. Por isso a luta é diária e o tratamento caro.
Em frente à Arena, Washington recebeu das mãos do ex-goleiro Raul Plassmann (hoje comentarista de TV), um cheque no valor de R$ 50 mil, doados por ninguém menos que Zico, o Galinho de Quintino.
A quantia foi arrecadada no jogo beneficente promovido pelo craque no final de 2009 envolvendo amigos e estrelas do futebol nacional. A partida aconteceu no Maracanã e bateu o recorde de público no País envolvendo jogos beneficentes, mais de 60 mil pessoas.
A iniciativa de Zico acontece todos os anos e tem parte da arrecadação revertida para a ajuda de pessoas e entidades. Além de Washington, a família do ex-goleiro Zé Carlos, do Flamengo, foi agraciada este ano. Zé Carlos morreu de câncer em julho de 2009.
Solidariedade
A entrega do cheque reuniu dois adversários que travaram grandes duelos na década de 80. Raul pelo Flamengo e Washington defendendo as cores do Atlético Paranaense e depois do Fluminense.
“Como é o destino. Estou entregando o cheque para o cara que me atormentou”, brincou Raul. “É um prazer estar aqui com você, conversando. É uma coisa maravilhosa”, rebateu o artilheiro. “Nós vivemos numa época em que éramos adversários e que se respeitava muito o adversário. Quando perdi para o Washington, perdi para alguém que jogava muito. E a derrota não doía tanto”, disse o ex-goleiro.
Durante o bate-papo, os dois elegeram o maior dos confrontos vivido entre eles. A semifinal do Brasileiro de 1983, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba. Naquela ocasião, o estádio coxa-branca teve a maior lotação de sua história.
E o jogo foi vencido pelo Atlético por 2 a 0, mas quem seguiu adiante foi o Flamengo devido a vantagem conquistada no primeiro jogo no Rio de Janeiro (3 a 0).
“Podíamos perder por uma diferença, mas o Atlético fez dois gols em 20 minutos e a coisa ficou feia”, comentou Raul. “E eu quem fiz os dois gols”, completou Washington. “Foi marcante. Mas infelizmente o Atlético não passou para a final”.
A parte mais emocionante do encontro aconteceu no momento em que Raul recebeu telefonema de Zico que pediu para trocar algumas palavras com Washington.
“Zico, você não sabe como eu gostaria de te dar um abraço. Você não é só meu ídolo, mas de uma nação inteira. Peço a Deus que abençoe você e sua família”, disse o camisa 9 bastante emocionado e em lágrimas.
Amizade
Raul lembrou que apesar da fase difícil pela qual está passando Washington, o momento serviu para reaproximá-lo de seus amigos e pessoas queridas. “Trouxe para perto as pessoas que gostam dele. E ele viu que é um cara muito querido. Esse foi o caminho que Deus escolheu para mostrar isso a ele”, afirmou.
“O momento que passo é muito complicado, mas de certa maneira serviu para mostrar o quanto gostam de mim. Não só pelos torcedores do Atlético e do Fluminense. Estive no Rio de Janeiro e recebi abraços de vários vascaínos e flamenguistas. Recebi palavras de apoio e incentivo e isso me fortificou bastante. Tenho certeza que com toda essa ajuda, vamos superar mais essa barreira”, finalizou o atacante.