Dirceu Krüger se confunde com a história do clube

Antiguidade

“Acho que sou o funcionário mais velho aqui no clube. Isso é uma honra para mim por nunca ter sido rejeitado, nunca ter sido mandado embora e sempre aceito pelas diretorias e vários presidentes nesse tempo. Isso nos engrandece porque é sinal que a gente tem um certo valor porque, obviamente, não estaríamos mais aqui.”

O interino

“Há uma estatística que diz que eu sou o segundo técnico que mais dirigiu e presume-se que o primeiro tenha sido o Félix Magno, porque ficou muitos anos no Coritiba, mas isso não importa. O que importa é que procuramos fazer um bom trabalho e sempre torcemos para que aqueles que aqui venham façam um grande trabalho que o Coritiba tanto merece.”

Bandeirão

“Engrandece muito a gente. Às vezes, quero passar às pessoas esse momento que você vive e o porquê de ter uma aceitação com a torcida, sendo o ex-atleta que teve a primeira bandeira. Tudo isso é uma marca, minha família fica muito orgulhosa. Essa geração atual vem e pede autógrafos e é uma coisa nova porque é passado do avô para o pai e do pai para o filho. Essa coisa me deixa muito feliz. É uma foto que marca, pena que eu não lembre o gol. Sei que foi um momento de um gol e queria me expressar de uma forma, me jogar no meio da torcida para comemorar junto.”

Jogos

“Os marcantes são sempre os clássicos. Te marcam mais, como o de 1967 quando ganhamos do Atlético por 5 a 0 e eu fiz dois gols. Em 1968, tive o meu primeiro título e ganhamos aqui (Couto Pereira então Belfort Duarte), fiz o gol da vitória e deu a oportunidade de jogarmos pelo empate lá no Durival Britto e o Paulo Vecchio fez um gol histórico quando estávamos perdendo por 1 a 0 e empatamos aos 45. Depois, em 1972, fiz o gol do bicampeonato. Me marca muito um gol que fiz em Argel, contra a seleção da Argélia. Era um amistoso e eu driblei toda a defesa e o último foi o goleiro, a bola estava quase saindo na linha de fundo e chutei meio sem ângulo. Fiz o gol e a torcida local reconheceu e me aplaudiu. Foi 4 a 1 ou 4 a 2 e eu fiz dois em 1969.”

Companheiros

“Para citar nomes é difícil. Foram grandes jogadores e é difícil citar um e não citar outro. Os dirigentes também, todos, evidentemente que o Evangelino (da Costa Neves) deixou uma marca muito forte. O grande companheiro foi o Valter. Quando iniciei era um grande atacante e éramos grandes amigos e cito o Valter nessa parte. Para citar jogadores seria uma plêiade. Eu joguei com o próprio Valter, Kosileck, Tião Abatiá, Zé Roberto, Hélio Pires, são tantos que até a gente acaba esquecendo alguém.”

Revelações

“Olha, saíram muitos jogadores, que foram para o exterior, que estão aqui no futebol brasileiro. Tem o Miranda, o Rafinha, o Adriano, Marcel, Keirrison, Marlos, todos que surgiram aqui. O Coritiba teve uma felicidade com jogadores que saíram da base e estão dando uma resposta muito boa dentro daquilo que a gente imaginava.”

Kosileck por Krüger

“Isso quem falava era o Evangelino e criou-se uma história.”

Miopia

“Jogamos um amistoso em Joinville, fui cabecear uma bola e errei bisonhamente e o Hélio Alves me disse “Krüger, você vai ter que fazer exame de vista’.”

Extrema-unção

“Isso foi em 1970, infelizmente no meu aniversário. Mas felizmente estou aqui e posso dar essa entrevista e até fiz o gol nessa ocasião. Dei um chapéu no goleiro do Água Verde, Leopoldo, fiquei olhando e me despreveni um pouco, me desarmei, fiquei olhando para ver se a bola iria para o gol ou não. Houve o choque do joelho do Leopold,o onde houve a perfuração no meu intestino, queda das alças intestinais e acabei indo para o pronto socorro e fiquei lá em estado muito grave, em estado de coma. Recebi extrema-unção do Frei Pio, que hoje está no Vaticano, mas sobrevivi. Fiquei 70 dias hospitalizado e fui atendido por uma equipe médica e nosso corpo médico. Houve uma atenção muito especial dos dois Vialle, Roberto e João Carlos, e o chefe de plantão, Dr. Bezede Nassif Júnior, atleticano. Quando saí fui abraçado pelo Dr. Bezede e, em 1972, fiz o gol do título contra o Atlético e logo em seguida encontrei o Dr. Bezede e ele até brincou comigo: “Eu te salvo a vida e você me ferra’”.

Carreira

“Tive a oportunidade de sair, convites, mas nunca quis sair. Tivemos algumas propostas vantajosas, mas não forçamos. Claro que hoje o futebol é totalmente diferente.”

Futuro

“Havia uma expectativa muito grande pelo centenário e o que tem que se ressaltar são os cem anos de história e conquistas. O Coritiba é uma equipe bem direcionada, totalmente profissionalizada e o caminho do Coritiba é o caminho sempre de glórias.”