Giba flagrado no exame antidoping pelo Italiano

A diretoria do clube Estense 4 Torri, de Ferrara, na Itália, anunciou em seu site oficial que o atacante de ponta Gilberto Godói, o Giba, da seleção brasileira, foi suspenso provisoriamente. A alegação foi de que o exame antidoping do jogador apontou que a amostra de urina colhida no dia 15 de dezembro, após jogo contra o Edilbasso Padova, continha metabolito de THC, um subproduto do consumo de maconha. O atleta não se manifestou sobre o caso.

Segundo Eduardo De Rose, médico do Comitê Olímpico Internacional e da Agência Internacional Antidoping (Wada), a maconha, ou cannabis, não é utilizada para aumentar o desempenho. “É uma droga considerada social”, afirma. De acordo com ele, o COI prevê até dois anos de suspensão pelo uso da substância. Segundo a Confederação Brasileira de Vôlei, que não recebeu confirmação do doping por parte do Comitê Olímpico Italiano, se o problema fosse constatado em uma competição no Brasil, o caso iria para o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), com pena mínima de 120 dias. Na Itália, a punição para um caso semelhante, da norte-americana Keba Phipps, do Bergamo, foi de dez partidas, cerca de dois meses, em 2002. A pena máxima no país é de quatro meses.

Eduardo De Rose explica que quando um atleta consome maconha, o exame antidoping registra a presença da substância tetraidrocanabinol. Ela fica no organismo, em média, de cinco a sete dias, dependendo da quantidade do consumo e da freqüência de uso. “O doping só é considerado positivo se for constatada a presença superior a 12 nanogramas (ou partes por milhão, PPM) na amostra”, diz ele. O médico do COI explica que esta tolerância é prevista para evitar o registro de doping em casos de consumo passivo, ou seja, quando uma pessoa aspira a fumaça com presença da droga.

Seleção

Procurado pela reportagem de O Estado, o técnico da seleção brasileira, Bernardo Rezende, o Bernardinho, preferiu não se manifestar sobre o caso. Ele confirmou, no entanto, que embarca hoje para a Itália. Sua viagem estava programada desde o ano passado, mas confirmou que vai aproveitar a passagem para falar com Giba.

Já o psicólogo Gilberto Gaertner, que integra a comissão técnica da seleção masculina do Brasil, o caso não deve manchar a imagem do atleta. “Devemos lembrar que, antes de mais nada, ele é um ser humano, sujeito a dificuldades emocionais próprias do esporte de alto rendimento, com o agravante de estar vivendo longe de casa, num outro país e com relacionamentos reduzido”, pondera Gaertner.

Doping surpreende brasileiros

O técnico Carlos Alberto Castanheira, o Cebola, que trabalhou com Giba no Telemig/Minas, confessou estar surpreso com a notícia de que o jogador foi flagrado no exame antidoping. “Fiquei sabendo dessa história através de um repórter. Ainda deve ter uma contraprova. E se for verdade que ele usou maconha, todos nós devemos dar força para o Giba nesse momento complicado”, disse o treinador.

O jogador da seleção brasileira, que atualmente defende o clube Estense 4 Torri, de Ferrara, na Itália, está suspenso preventivamente por terem sido encontrados traços de maconha em seu organismo.

Cebola não economiza elogios a Giba: “Ele sempre foi um líder, mostrava força de vontade nos treinos. Nunca tomou uma medicação que não tivesse sido dada pelos nossos médicos. Acho que enquanto estava no Minas ele nunca fumou maconha.”

O presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary da Graça Filho, evitou se aprofundar no assunto: “Embora a CBV ainda não tenha sido comunicada oficialmente sobre o caso Giba, se isso realmente aconteceu, lamento profundamente. É difícil até acreditar nisso”.

Perfil

Gilberto Godoy Filho, o Giba, sempre foi sinônimo de garra na seleção brasileira. Sucessor de Giovane na preferência das tietes, nasceu na cidade paranaense de Londrina. Quando menino, passou por dois dramas: combateu a leucemia e aos 10 anos, quando começou a jogar vôlei, caiu de uma árvore sobre uma lança de portão e levou 150 pontos no braço.

A primeira convocação do atacante de 26 anos, 1,92 m de altura e 85 quilos, para a equipe adulta do Brasil, foi feita por Radamés Lattari, em meados de 1997. Mas o primeiro chamado para representar o País foi em 1993, para a seleção infanto-juvenil, que venceu o Mundial da Juventude, na Turquia.

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