Iris volta à Prefeitura e recupera espaço político em Goiânia

Goiânia, 31 (AE)- O ex-governador de Goiás Iris Rezende se elegeu hoje (31) prefeito de Goiânia derrotando o candidato do PT, Pedro Wilson (PT), e ao mesmo tempo o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), que apoiou o petista, e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia dito que a reeleição de seu aliado era questão de honra. Iris foi eleito com 56,71% dos votos, contra 43,29% dados a Pedro Wilson.

O peemedebista volta à prefeitura, um dos primeiros cargos que ocupou na vida pública. Ele foi eleito em 1967 e saiu em 1969, cassado pelo regime militar em 1969. Com Iris, o PMDB conquista um espaço em Goiás que vinha perdendo durante os últimos anos. O próprio Iris foi derrotado em 1998, quando disputou com o governador Marconi Perillo, e em 2002, quando tentou uma vaga no Senado, o que levou o PMDB a perder espaço nacionalmente.

Por 15 anos o partido ficou à frente do governo, até Iris perder a eleição para Perillo. “Eu sempre estive confiante” disse Iris comemorando, desta vez, a vitória.

“Podemos ter derrotas eleitorais, mas vamos ter vitória política”, afirmou hoje (31) o secretário nacional de finanças do PT, Delúbio Soares, que foi um dos coordenadores destacados pela Executiva nacional do partido para acompanhar as eleições em Goiânia e Anápolis. “Chegamos de cabeça erguida em todos os lugares e as nossas alianças no segundo turno foram concretizadas de maneira harmônica e a base formada ficou unida” argumentou Delúbio, antes de deixar Goiânia no início da tarde, quando viajou para São Paulo.

Em Anápolis, distante 55 quilômetros de Goiânia, o PT também perdeu.

O candidato, deputado federal, Rubens Otoni (PT), ficou com 44 8% dos votos, atrás de Pedro Sahium (PSB), com 55,2% dos votos. “Fizemos o esforço possível”, disse Pedro Wilson hoje, após o resultado das eleições, agradecendo o apoio do PT, dos ministros que reforçaram sua campanha, dos aliados políticos e da militância.

A invasão de cabos eleitorais do Distrito Federal em Brasília para fazer boca-de-urna para Iris poderá resultar em um processo por abuso de poder econômico, segundo afirmou o procurador regional eleitoral, Hélio Telho. O procurador disse que cerca de 150 pessoas detidas hoje fazendo boca-de-urna são funcionários do governo do Distrito Federal. A ação, em tese, pode resultar em pena de cassação do diploma e inelegibilidade. “A propaganda de boca-de-urna individualmente é apenas um crime praticado pelo eleitor. Quando é patrocinado pela coligação, por partidos ou candidato, quando ganha uma dimensão grande capaz de influenciar o eleitor, pode ser considerado abuso de poder econômico”, disse o procurador. “Tenho a impressão de que isso aconteceu”, continuou Hélio Telho.

Cerca de 250 pessoas de Brasília foram presas fazendo boca-de-urna para o PMDB. O candidato a vice-prefeito na chapa de Iris Rezende, Valdivino de Oliveira, deixou em abril deste ano a Secretaria de Fazenda do Distrito Federal para disputar a eleição em Goiânia. O PT já havia denunciado um suposto esquema armado entre Iris e o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), para garantir a presença de 3.000 cabos eleitorais em Goiânia hoje. Hotéis da cidade foram ocupados por hóspedes de Brasília.

“A presença maciça de cabos eleitorais do Distrito Federal maculou o resultado das eleições”, afirmou o advogado do PT, Edilberto Dias. “Não vejo anomalia nenhuma em militantes viajarem de Brasília para Goiânia para comemorar a vitória do secretário da Fazenda nas eleições”, disse o advogado do PMDB, Marconi Pimenteira.

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