Fazenda na BA tinha 62 trabalhadores em condições de escravidão

O Grupo Móvel de Fiscalização do Trabalho e a Procuradoria Regional do Trabalho da 5ª Região encontraram hoje 62 trabalhadores em condições degradantes em uma fazenda na Bahia. Alojados em um único galpão, homens e mulheres contratados para trabalhar na colheita do algodão estavam há um mês sem água potável ou banheiros, dormindo em lonas pretas e comprando alimentos dos “gatos” (intermediadores de mão-de-obra escrava) que os aliciaram para o trabalho.

A Fazenda Guará do Meio pertence ao município de Correntina, mas os trabalhadores foram aliciados em Barreiras e São Desidério, a 180 quilômetros da propriedade. Os aliciadores identificados pela equipe móvel são Joacy Rodrigues de Santana e Manoel Pereira da Silva.

De acordo com a procuradora do Trabalho Séfora Graciana Cerqueira Char, que participou da operação, “os trabalhadores estava submetidos a condições extremamentes degradantes”. Algumas das pessoas encontradas estavam doentes e havia um menor trabalhando entre eles. De acordo com os próprios trabalhadores, um grupo de empregados desistiu do serviço assim que chegou à Fazenda. Eles tiveram, entretanto, que percorrer os 180 quilômetros de volta a pé – porque o proprietário da fazenda negou-lhes o transporte. Deste percurso, 140 quilômetros são de estrada não asfaltada.

Tanto os auditores quanto a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) consideraram a situação dos 62 empregados como análoga à de trabalho escravo. “Filmamos e fotografamos tudo e estamos convictos de que é um caso de trabalho escravo porque eles estavam realmente vivendo em uma situação de miséria”, afirma a Séfora Char.

O proprietário da fazenda, João Henrique Meneguel, já foi contactado pela equipe do Grupo Móvel e deve comparecer à Delegacia Regional do Trabalho de Barreiras para efetuar o pagamento das verbas trabalhistas devidas aos empregados. O valor estimado é de R$ 52 mil. A dívida que os empregados haviam acumulado com os “gatos” fica imediatamente anulada e os fiscais do Ministério do Trabalho vão interditar a fazenda e os alojamentos.

Voltar ao topo