Após denúncias do PT, a Justiça Eleitoral e a Polícia Militar apreenderam hoje (16) dezenas de cópias de título de eleitor em um carro usado por militantes da campanha do governador do Distrito Federal e candidato à reeleição, Joaquim Roriz (PMDB). Junto com os títulos, também estava uma lista com endereços dos eleitores, candidatos apoiados por eles, xerox de documentos, como RG e CPF, além de panfletos reproduzindo cheques de R$ 100 e material de campanha contra o adversário de Roriz no segundo turno, Geraldo Magela (PT).
Segundo a Polícia Federal, para onde o material foi encaminhado, os títulos e a relação dos endereços de seus titulares poderiam estar sendo usados por correligionários do governador como forma de pressionar eleitores a votar nele. ?Cadastros de eleitores são feitos para mantê-los sob pressão. Se militantes estavam usando esse método, podemos classificar isso de crime de coação eleitoral?, explicou o procurador eleitoral Franklin Rodrigues.
No carro, que foi encontrado estacionado em frente a um dos comitês de campanha de Roriz numa cidade-satélite de Brasília, estavam ainda sete recibos de pagamento a supostos cabos eleitorais e dezenas de exemplares de um folheto com a logomarca do Jornal de Brasília com reportagens contendo denúncias contra Magela. A denúncia foi publicada pelo jornal na segunda-feira e trata da suposta ligação do petista com grileiros de terras. Outros exemplares já eram distribuídos em Brasília desde então.
A diretoria de redação do veículo, porém, negou ter autorizado a impressão do material e repudiou sua divulgação, em nota publicada na capa do jornal hoje. ?A empresa não autorizou e repudia a publicação do material. As reportagens são material jornalístico e não devem ser entendidas como propaganda eleitoral de qualquer candidato?, diz a nota.
No final da tarde, um outro carro foi apreendido pela Polícia Civil com mais exemplares. Militantes de Roriz que estavam no veículo foram detidos e prestaram depoimento na PF. A Polícia Federal informou que o material seria periciado e encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF. Os cabos eleitorais poderão ser processados por crime eleitoral. A assessoria de imprensa da Justiça Eleitoral não soube dizer se o próprio governador poderá ser penalizado.
Hoje, o procurador Franklin Rodrigues entrou com uma representação no TRE para impedir a distribuição de material de campanha de Roriz e de Magela com promessas de pagamento em cheque no valor de R$ 100 para famílias de baixa renda. Mais ousado, Roriz diz que, se for eleito, dará, além de cesta básica um cheque de R$ 100 e um botijão de gás por mês.
Militantes do PMDB estão distribuindo nas ruas panfletos reproduzindo um cheque. Já o PT imprimiu em seu material de campanha texto com a promessa de substituir a cesta básica por R$ 100. Também hoje deputados da Câmara Legislativa anunciaram que o deputado distrital eleito Pedro Passos (PSD), envolvido em casos de parcelamento ilegal de terras no DF, deverá ser ouvido sexta-feira pela CPI da Grilagem.