Japão orienta médicos a não prescrever Tamiflu a jovens

Médicos japoneses foram orientados nesta quarta-feira (21) a não prescrever o antigripal Tamiflu a adolescentes depois de diversos pacientes jovens terem apresentado comportamento perigoso após a ingestão do medicamento. O fabricante da droga, tida como uma das poucas capazes de tratar a gripe aviária, insiste que o Tamiflu é seguro.

Ontem, o Ministério da Saúde do Japão divulgou instruções emergenciais à Chugai Pharmaceutical Co., distribuidora do Tamiflu no país, para que alertasse aos médicos que o Tamiflu não seja prescrito a adolescentes, disse uma fonte na companhia farmacêutica que pediu para não ser identificada por questões éticas. De acordo com a fonte, a Chugai começou a alertar médicos, hospitais e farmácias de todo o país hoje.

As preocupações com relação aos efeitos colaterais do Tamiflu, um antigripal também conhecido como oseltamivir, começaram em fevereiro, quando um menino e uma menina, ambos de 14 anos, caíram da janela dos apartamentos onde moravam depois de ingerirem a droga em incidentes separados.

FDA

A Agência Reguladora de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) já recebeu mais de cem relatos de delírio, alucinação e outros comportamentos psiquiátricos incomuns. A maior parte dos relatos refere-se a crianças japonesas tratadas com Tamiflu entre 29 de agosto de 2005 e 6 de julho de 2006. O governo japonês não divulgou cifras detalhadas.

O medicamento, produzido pela companhia farmacêutica suíça Roche já é vendido nos EUA e no Japão com alertas de que podem ocorrer comportamentos anormais depois da ingestão da droga. Entre fevereiro e março, duas crianças de 12 anos quebraram as pernas depois de pularem pela janela de casa, também em incidentes separados, disse a fonte na Chugai.

Ontem, a Roche divulgou dados segundo os quais não haveria relação causal entre a ingestão de Tamiflu e os sintomas neuropsiquiátricos. "Nós não entendemos a razão dessa ação do governo japonês", disse Martina Rupp, porta-voz da Roche. O Tamiflu é amplamente comercializado no Japão como antigripal. Depois do surgimento da gripe aviária, o medicamento chegou a ser considerado um dos poucos remédios eficazes para tratar a doença, mas não houve comprovação científica da alegação.

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