Estudo pretende identificar estado de conservação de parentes silvestres

Um amplo estudo sobre parentes silvestres das principais epécies de plantas cultivadas atualmente no Brasil está sendo desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a Embrapa, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e outras instituições de pesquisa. O objetivo é identificar em que região são encontradas, qual o grau de conservação na natureza, nos laboratórios e na agricultura familiar e propor medidas para preservar as parentes silvestres e espécies crioulas do algodão, amendoim, arroz, caju, das abóboras, da mandioca, do milho e da pupunha.

Durante a  8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), realizada em março deste ano, em Curitiba, o ministério lançou a publicação Parentes Silvestres das Espécies de Plantas Cultivadas. Era uma versão preliminar do trabalho que está sendo feito agora. Segundo o gerente de Recursos Genéticos da Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Lidio Coradin, a expectativa é de que o estudo completo seja publicado no primeiro semestre de 2007.

É a partir das espécies silvestres que são selecionadas as plantas cultivadas. São consideradas um importante patrimônio genético, pois já desenvolveram resistência para sobreviver na natureza. Igualmente importantes são as espécies crioulas, aquelas que resultam da seleção natural e do manejo de comunidades tradicionais. O processo de cultivo dessas espécies lhes garantiu especificidades genéticas. Isso significa que elas se transformaram em relevantes fontes de pesquisa. "São espécies resistentes a pragas, doenças, a determinadas condições de solo e de clima", explica Coradin.

Os primeiros resultados dos projetos de pesquisa já estão sendo apresentados ao Ministério do Meio Ambiente. O grupo de pesquisadores responsável pelo trabalho sobre o milho, por exemplo, já revelou que os pequenos agricultores e as comunidades tradicionais exercem um papel fundamental na preservação de material genético das espécies crioulas que futuramente poderão despertar o interesse dos pesquisadores. A influência deles na conservação chega a ser superior a das instituições de pesquisa.

O projeto que trata do algodão também já mostrou a necessidade de um forte esforço dos governos municipais, estadual e federal na preservação. A única espécie nativa de algodão no Brasil, a Gossypium Mustelinum, só existe hoje numa região do Rio Grande do Norte e em outra da Bahia. "O estudo ainda apontou a existência de poucas plantas. Essa espécie já foi extinta em outros lugares", alerta Coradin.

A preservação e o uso sustentável de parentes silvestres das plantas cultivadas e suas variedades crioulas é um compromisso assumido pelos países, como o Brasil, que assinaram a Convenção sobre Diversidade Biológica. Os principais obstáculos para a conservação desses recursos biológicos é a destruição dos ambientes naturais e a introdução de espécies exóticas invasoras.

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