Valdebran teria usado nome de familiares como “laranjas”

A Polícia Federal está investigando os negócios do empresário Valdebran Carlos Padilha da Silva, flagrado tentando negociar um suposto dossiê anti-Serra. Em pelo menos três empresas – Saneng, Engessam e V3 – dos setores de construção civil, saneamento e infra-estrutura, ele usa como laranjas os nomes de seu irmão, Waldemir Padilha e da mãe, Terezinha da Conceição, já falecida, revela certidão da Junta Comercial divulgada pelo jornal A Gazeta, de Cuiabá.

Os negócios "obscuros" de Padilha – personagem desconhecido no País até o último dia 14, quando foi preso num hotel em São Paulo com Gedimar Passos, com R$ 1,7 milhão -, incluem obras do governo federal por meio Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Mato Grosso, conforme o Estado revelou semana passada.

Sem nenhuma identificação, consta na Junta Comercial que as Saneng e Engessam funcionam em uma casa simples, localizada no bairro Jardim Paulista, em nome do irmão e da mãe. As empresas estão tocando obras obtidas com emendas de parlamentares mato-grossenses. O mesmo ocorre com a V3, que funciona à rua General Mello, centro de Cuiabá, onde aparece também o nome da sócia, Rosilene Corrêa de Oliveira.

Na Saneng e a Engessam, responsáveis por executar obras da Funasa, existem apenas três quadros com fotografias da construção de duas creches e um centro comunitário em Sorriso e Santa Carmem, no interior de Mato Grosso. As empresas também tocam obras em Santo Antônio de Leverger, consta em inquérito aberto na PF, no depoimento do ex-administrador da Funasa no Estado, José Ferreira Lemos Neto.

As ligações de Padilha com políticos do PMDB e do PT, partido no qual enfrenta processo de expulsão, para aprovação de emendas beneficiando suas empresas, foram os principais motivos para o Partido dos Trabalhadores impedir sua indicação para o cargo de diretor econômico e financeiro da Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte), estatal subordinada à Eletrobrás, do Ministério das Minas e Energia. "Diante da gravidade das informações recebidas impedimos a nomeação dele", confirmou o presidente do PT de Cuiabá, Jairo Pereira Rocha.

Além da Polícia Federal, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) pediu à Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF) e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT), que investigue a participação das empresas de Valdebran Padilha na realização de obras em diversos municípios de Mato Grosso.

Desde que foi preso e solto, Valdebran Padilha não fala com a imprensa em Cuiabá, apesar da insistência de repórteres que dão plantão em frente à sua residência. Seu advogado, Luiz Antônio Lourenço da Silva, negou ao Estado que o empresário use "laranjas" em suas empresas e seja beneficiado com obras de emendas de parlamentares. "Nós não vamos dar nenhuma versão porque nada disso é verdade. Nós não temos nenhuma sobre isso", limitou-se a comentar.

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