Salário mínimo regional vai aumentar em 25% o poder de compra

O economista Cid Cordeiro Silva, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), revelou que o salário mínimo regional, proposto pelo governador Roberto Requião e que será votado em regime de urgência pela Assembléia Legislativa, vai aumentar em 25%, cerca de R$ 80,00, o poder de compra de 390 mil trabalhadores paranaenses.

Os pisos variam, conforme as categorias, entre R$ 427,00 e 437,80. O salário mínimo estadual será aplicado a categorias que não têm dissídio ou acordo coletivo de trabalho, como, por exemplo, a das empregadas domésticas. Com o que for acrescido em seu salário, o trabalhador beneficiado com a medida terá o suficiente para comprar 15 pacotes de 5 quilos de arroz ou então de 12 a 15 quilos de carnes. E isso, segundo o Dieese, vai injetar todos os meses R$ 16,5 milhões na economia do Paraná.

?Esse é o efeito direto da medida. Entretanto, existe o efeito indireto. A expectativa maior é que o piso regional servirá de referência nas negociações salariais de todas as categorias de trabalhadores. E, se isto acontecer, teremos um universo bem maior de trabalhadores beneficiados, com reflexo ainda mais significativo em nossa economia, algo em torno de R$ 33 milhões?, reforçou.

O representante do Dieese considera o projeto de lei que cria pisos salariais mínimos no Paraná um importante passo para reduzir as desigualdades sociais. ?Há um consenso no país para se adotar medidas que venham a reduzir as desigualdades, mas quando se toma uma medida concreta, como essa do governador Requião, aparecem as resistências. As pessoas precisam entender que as desigualdades prejudicam o desenvolvimento de nosso Estado?, afirma.

Ao contrário do que argumentam os opositores do projeto, Cid Cordeiro garante que não haverá demissões em massa e muito menos fechamento de indústrias. ?Eles estão superestimando os impactos do novo piso regional, que já foi adotado pelo Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nesses dois estados não tivemos onda de demissões e nem fechamento de empresas. Não aconteceu nada daquilo que vem sendo alardeado pelos opositores do projeto do governador Requião?.

Antonio Sartor, presidente do Sindicato dos Oficiais Marceneiros e Trabalhadores da Indústria de Serrarias e de Móveis, com sede em São José dos Pinhais, também não acredita em demissões em massa, especialmente em seu setor, responsável pela absorção de mais de 6 mil trabalhadores em todo Estado. ?As empresas já estão trabalhando com um número mínimo de empregados. Se demitirem mais alguém, certamente vão fechar?.

A crise vivida pelo setor nada tem a ver com os salários dos trabalhadores e sim com a política cambial (desvalorização do dólar). ?Tenho certeza que todas as empresas do nosso setor têm condições de pagar o piso regional. Ninguém vai fechar ou quebrar. Portanto, somos a favor do piso proposto pelo governador, porque entendemos que trará benefícios para a economia paranaense. As empresas vão vender mais, não vejo motivo de preocupação?.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Toledo, Anacir Antonio de Andrade, também é favorável ao piso regional, que tão logo aprovado pela Assembléia Legislativa beneficiará os trabalhadores do setor moveleiro do Oeste do Paraná, cujo salário atual é de R$ 390,00, bem menor do valor pago aos trabalhadores do setor em outras regiões do Estado ? R$ 457,00. Segundo ele, o que os empresários contrários ao projeto não estão levando em conta é que ?se o trabalhador tiver salário melhor, certamente vai consumir mais. E, gastando mais, vai gerar empregos, principalmente no comércio?.

Segundo Anacir, outro ponto positivo do projeto governamental é que ele servirá de referência para futuras negociações salariais entre trabalhadores e empresas. ?No caso de nossa central, apenas uma categoria está abaixo do piso. Mas não vejo dificuldade desta categoria, que é a dos moveleiros do Oeste, se adaptar a essa nova realidade, que vai a curto prazo incrementar a economia do Paraná?, finalizou.

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