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Redes 5G ainda devem demorar a emplacar

Enquanto as operadoras brasileiras ainda lutam para expandir o 4G – segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apenas 14% das 255 milhões de linhas móveis ativas no País estão habilitadas para usá-lo -, pesquisadores, teles e fabricantes de infraestrutura de redes elaboram sua evolução, o 5G. A tecnologia ainda deve demorar para chegar aos consumidores: a União Internacional de Telecomunicações (UIT) só prevê definir as especificações em 2020.

A tecnologia promete velocidades máximas de até 1 gigabit por segundo (Gbps) no download de arquivos, dez vezes mais que os 100 megabits por segundo (Mbps) permitidos pelo 4G. Mas a velocidade da conexão é inversamente proporcional à sua previsão de utilização comercial – procuradas pelo Estado, as operadoras brasileiras dizem não ter data prevista para explorar a tecnologia no País.

“A demora para a especificação é uma demora boa: ao contrário do 4G, que trouxe apenas avanços de velocidade, o 5G busca uma evolução para outras aplicações”, diz João Paulo Bruder, analista de telecomunicações da consultoria IDC Brasil.

Além da expansão na velocidade, o 5G também deve ser o padrão de conectividade para duas novas áreas: a Internet das Coisas e os carros autônomos, cada qual com necessidades específicas. Sensores utilizados em ruas de uma cidade inteligente para identificar se carros estão estacionados ou não, por exemplo, não precisam de alta velocidade de transmissão de dados, mas sim de estabilidade na rede e eficiência energética, de forma que suas baterias possam durar por anos.

“Não seria eficiente trocar a bateria de todas as ruas de uma cidade a cada ano, e o consumo de bateria por conta do envio de informações influi bastante nesse sentido”, explica Bruder. Já os veículos sem motorista, por sua vez, não podem estar sujeitos a instabilidades na conexão. “Uma rede de 5G não confiável pode causar inúmeros acidentes”, explica Eduardo Tude, presidente da consultoria de telecomunicações Teleco.

“O 5G vai ser uma rede bastante heterogênea”, define Rodrigo Dienstmann, diretor de operações da Telefônica/Vivo no Brasil. É por causa dessa mistura de usos com diferentes necessidades que há dificuldade na definição sobre os padrões que o 5G deve seguir.

Esforços

Países como Coreia do Sul e Japão planejam ter o 5G em prática assim que o padrão da tecnologia for estabelecido – os coreanos pretendem fazer um teste em grande escala em 2018, na Olimpíada de Inverno de PyeongChang.

No entanto, os Estados Unidos estão na dianteira das pesquisas pela nova forma de conectividade: há cerca de duas semanas, a Federal Communications Commission (FCC), responsável por regular o setor de telecomunicações no país, anunciou que vai abrir uma ampla faixa de frequência para serviços de 5G. Além disso, o governo Obama declarou que vai destinar US$ 400 milhões para patrocinar pesquisas e testes com a tecnologia em quatro cidades do país pelos próximos sete anos.

Por aqui, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) tem esforços mais tímidos: em fevereiro, o Brasil assinou um acordo de cooperação de pesquisa com a União Europeia, e destinou R$ 20 milhões do Fundo Nacional de Telecomunicações (Funtel) – alimentado com taxas pagas pelas operadoras para cada linha ativa no País – para pesquisas com o 5G, feitas pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG).

Já as operadoras brasileiras têm acompanhado as discussões sobre o padrão da tecnologia e se preparam para fazer seus primeiros testes: a Claro,por exemplo, disse que pretende realizar pesquisas com a Ericsson no País este ano. “Ainda existem muitos pontos em aberto sobre o 5G, mas temos certeza de que será uma grande tecnologia para o Brasil”, diz André Sarcinelli, diretor executivo de engenharia do grupo América Móvil, responsável por Claro, Net e Embratel.

Vivo e TIM dizem trabalhar em pesquisas com suas controladoras no exterior – Telefônica e Telecom Italia -, enquanto a Oi está em contato com fabricantes para compreender a tecnologia, montando um laboratório com a Nokia no Rio de Janeiro sobre o tema.

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