GO Associados diz ter sido ‘muito forte’ queda da produção industrial em junho

O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avalia que a desvalorização do dólar começa a estimular setores industriais de menor valor unitário, como os de produtos não duráveis e semiduráveis, mas que os reflexos na economia do cenário político brasileiro ainda trazem incertezas para a indústria. “As indústrias de alimentos e têxteis mostram reação com o câmbio, principalmente porque há um deslocamento do consumo de importados, para uma demanda doméstica”, disse. “Essa indústria começa a encontrar um piso, mas, por conta do desentendimento de Executivo, Legislativo e Judiciário, o cenário pode mudar e gerar novas incertezas”, completou.

Portanto, segundo Silveira, a perspectiva de uma queda de 4% a 4,5% na produção industrial em 2015 ante 2014 – melhor que a baixa acumulada de 5% nos últimos 12 meses até junho – ocorre em um cenário com o dólar em torno de R$ 3,30, desemprego ao redor de 6%, crédito 4% menor e massa salarial com recuo de 2%. “Se o cenário político aqui e se o setor externo piorarem e o dólar, por exemplo, for a R$ 4, é lógico que pode haver um reordenamento nas condições da economia e da indústria”, afirmou. “Se o dólar mais alto estimula exportações de maior valor agregado, por outro lado pode explodir a dívida das empresas”.

Apesar de a recuperação da indústria de bens semiduráveis e não duráveis em junho ante maio, de 1,2%, o diretor de pesquisa econômica da GO Associados considerou “muito forte” a queda anualizada na indústria brasileira, de 3,2% em junho, e lembrou que em igual mês do ano passado houve a Copa do Mundo no Brasil. “A base de comparação é fraca e ainda assim houve uma queda de 3,2%”, afirmou. “Para piorar, há uma ociosidade na indústria, que é refletiva na queda de 20% em 2015 na indústria de bens de capital, a qual será a última a se recuperar”.

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