Cortes atingem também os gastos dos executivos

Aos 53 anos, o executivo Francesco Emilio De Cesare, que começou a trabalhar aos 14, já viu o País passar por todo o tipo de crise: hiperinflação, Plano Collor, megavalorização do dólar em 1999, crise do subprime americano em 2009. Apesar de já ter trocado de trabalho “com crise e sem crise”, afirma que o cenário atual é de cautela.

E isso apesar de, na prática, sequer estar desempregado: ele ainda vai terminar um projeto na fabricante americana de equipamentos médicos Boston Scientific até a próxima quinta-feira. Mesmo assim, já traçou um plano de austeridade para os próximos meses. Apesar de seus filhos serem já adultos e quase independentes, De Cesare diz que a situação pede um olhar duro para os gastos da família. A exemplo de outros executivos ouvidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo” , ele diz ter percebido que a tomada de decisão por parte das empresas está mais lenta. “Acho que existe uma falta de confiança no País que é local e internacional.”

Dentro deste cenário turvo, o executivo já começou a fazer as contas sobre o que pode ser cortado em seu atual padrão de vida. Caso a procura por uma nova posição executiva dure muitos meses, De Cesare pode colocar em prática o que chama de “plano C”: trocar o apartamento atual, de 200 metros quadrados, por um menor. “A gente tem de olhar o futuro e ter a consciência de que, em algum momento, o padrão de vida vai cair. É melhor a gente se preparar para não sofrer um grande choque.”

Busca

Enquanto a busca de De Cesare por um novo emprego ainda está no início, Pedro Alba Bayarri, 45 anos, diz se dedicar “em período integral” à procura de uma nova posição. O executivo, que era vice-presidente comercial e de operações da Formitex, uma empresa nacional “de dono”, afirma que as companhias hoje buscam um tipo bem específico de profissional: o que tem experiência em “turnaround” – ou seja, em transformar negócios em dificuldades em empresas saudáveis. Ele, felizmente, diz ter experiência nessa área.

Outra característica do mercado atual, afirma Bayarri, é que o executivo precisa mostrar flexibilidade na hora de negociar o salário. “Na hora da substituir um executivo, as empresas estão oferecendo um pacote de remuneração com um componente bem mais forte de renda variável, com base no resultado.”

Na opinião do executivo, o mercado de contratações por empresas multinacionais está praticamente parado. “Hoje, 80% do PIB (Produto Interno Bruto) é gerado pelas empresas nacionais e familiares, enquanto as múltis respondem pelo restante”, diz Bayarri. “Acho que existem hoje três tipos de empresas oferecendo oportunidades para executivos: as que precisam se reestruturar, as que estão para receber investimentos de fundos e as que estão buscando alguma chance de M&A (fusão ou aquisição).” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo