Moody’s: instabilidade política afeta investimento estrangeiro em infraestrutura

A instabilidade política no Brasil e escândalos de corrupção como o evidenciado pela Operação Lava Jato prejudicam investimentos estrangeiros em projetos de infraestrutura no País, segundo o analista-chefe da Moody’s para projetos de infraestrutura na América Latina, Paco Debonnaire. O analista citou como exemplo a volta das especulações em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

“O apetite do investidor é prejudicado por essa instabilidade política”, disse o analista, em evento sobre infraestrutura na capital paulista. Ele ressaltou, porém, que um levantamento da Moody’s aponta que não houve queda significativa do investimento estrangeiro no Brasil nos últimos três anos. “Ainda há interesse pelos projetos brasileiros”, afirmou.

Segundo Debonnaire, outros aspectos citados por investidores como desafios para o investimento em infraestrutura no Brasil incluem falhas de regulação, falta de previsibilidade em alguns setores, falta de planejamento de longo prazo devido à interferência política, transparência limitada em projetos de Parceria Público-Privada (PPP) e riscos de execução. “O mais importante do ponto de vista do investidor é conhecer as regras do jogo”, frisou.

O analista citou ainda incertezas em relação ao financiamento dos projetos, com aumento de custo e participação reduzida do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele apontou também que 94% das PPPs de infraestrutura envolvem Estados e municípios, considerados de maior risco por terem recursos mais limitados e ratings mais baixos.

Por outro lado, segundo Debonnaire, existem outros fatores que favorecem o apetite estrangeiro por projetos do setor no Brasil, principalmente na comparação com outros países emergentes.

O analista citou o regime democrático, a grande base consumidora brasileira e grupos promissores de projetos de infraestrutura como exemplo. “Alguns países emergentes não reúnem esses fatores”, apontou, destacando a estabilidade de concessões elétricas e rodoviárias no Brasil. “É um histórico positivo. Esses setores foram bem-sucedidos até agora”, disse.

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